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A Elevada Proporção de Pobres na Região Nordeste, por Paulo Galvão Júnior

Estimado leitor do site da Revista NORDESTE, recentemente, assisti em minha residência, na capital paraibana, a uma importante palestra da economista pernambucana Tania Bacelar de Araujo, intitulada “Desenvolvimento Regional no Brasil: políticas, estratégia e perspectivas”. A palestra online foi realizada via Zoom pelo Conselho Federal de Economia (COFECON), atualmente presidido pela economista mineira Tania Cristina Teixeira — a primeira mulher a ocupar essa relevante posição nos últimos 73 anos.

 

A palestra inaugural do COFECON, em parceria com a Federação Nacional dos Estudantes de Economia (FENECO), com certeza, trouxe à tona dados alarmantes do Nordeste, no qual, hoje, destaco, do “Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil”, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Fundação João Pinheiro (FJP), sobre a persistência do alto índice de pobreza absoluta na região Nordeste, dura realidade que exige atenção redobrada de gestores públicos, economistas, empresários, cooperativistas e demais membros da sociedade nordestina.

 

A região Nordeste, composta por nove estados (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe), representa 15% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e 27% da população brasileira. Porém, existe uma elevada proporção de pobres no Nordeste, 25,4% da população no ano de 2021. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), era considerada pobre a pessoa com renda de até R$ 637,00 por mês, em 2021 — critério que serve de base para o Quadro 1 a seguir:

 

Quadro 1: Proporção de Pobres na Região Nordeste em 2021

Estado Proporção de Pobres (%)
Maranhão 32,5
Pernambuco 27,0
Paraíba 24,9
Bahia 24,6
Piauí 24,5
Alagoas 24,2
Ceará 23,2
Sergipe 22,5
Rio Grande do Norte 20,9

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil.

 

Os dados revelam que o Maranhão apresenta a maior proporção de pobres na região (32,5%), seguido por Pernambuco (27,0%) e Paraíba (24,9%). Por outro lado, o Rio Grande do Norte registra a menor proporção (20,9%), embora ainda represente uma situação crítica de pobreza absoluta. O intervalo entre o estado com maior e menor proporção de pobres é de 11,6 pontos percentuais, o que evidencia a heterogeneidade socioeconômica entre os estados nordestinos.

 

A sócia-diretora da Consultoria Econômica e Planejamento (CEPLAN) e economista, Tania Bacelar, destacou que tais disparidades são consequências de fatores históricos, como a herança de forte concentração regional no século XX. Concordando com a professora doutora em Economia Pública na Universidade de Paris I, na França, e aposentada da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), adicionaria também o modelo de colonização excludente e os ciclos econômicos concentradores de renda e de riqueza.

 

Durante o período colonial, o Nordeste foi o centro econômico do Brasil. O ciclo do pau-brasil, com sua exploração comercial de 1500 a 1530, e o subsequente ciclo da cana-de-açúcar, colocaram a região em uma posição de destaque, particularmente devido às condições climáticas favoráveis para o sistema de plantation e à proximidade com mercados internacionais como Europa. Na época, essa riqueza agrícola impulsionou o desenvolvimento de portos, engenhos e vilas em províncias como Pernambuco e Bahia.

 

No entanto, a descoberta de ouro na província de Minas Gerais em 1693 marcou uma grande mudança no eixo econômico do Brasil Colônia. O foco se deslocou para o Sudeste, iniciando o ciclo do ouro, que atraiu investimentos lusófonos e atividades comerciais para as áreas de mineração de ouro e de diamantes. Isso provocou o declínio econômico do Nordeste, no século XVIII, iniciando um processo de desigualdade regional que ainda ecoa nos dias de hoje.

 

É preciso destacar que a proporção de pessoas em situação de pobreza, na região Nordeste, caiu de 65,3% em 1991 para 25,4% em 2021, ou seja, nos últimos trinta anos a redução da pobreza absoluta no Nordeste foi de 39,9%, segundo o IPEA/PNUD/FJP. Essa diminuição da pobreza pode ser atribuída a uma combinação de fatores econômicos, sociais e governamentais: i) programas de transferência de renda (o Bolsa Família); ii) crescimento econômico sustentável; iii) investimentos em infraestrutura; iv) expansão do acesso à educação; e v) políticas públicas inclusivas.

 

Durante a palestra magna da Comissão de Desenvolvimento Regional e Local, do COFECON, a economista e ex-diretora de Planejamento Regional da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), Tania Bacelar, reforçou que a elevada pobreza absoluta na região Nordeste é agravada por quatro fatores centrais:

i) Alta taxa de desemprego;

ii) Elevada taxa de subocupação;

iii) Alta informalidade no mercado de trabalho; e

iv) Grande número de pessoas desalentadas, ou seja, são pessoas que não procuram trabalho por acreditar que não conseguiriam, porque é jovem, idosa, ou porque acreditam que a economia vai mal, estão tristes, entristecidas, ou porque estão sem ânimo, sem forças para receber um salário mínimo por mês.

 

Apesar desses enormes desafios, Tania Bacelar fez questão de enfatizar que o Nordeste: “Não pode continuar sendo visto apenas como LÓCUS DO ATRASO, apesar de seus graves indicadores sociais. Precisa ser visto nos seus POTENCIAIS!”.

 

Infelizmente, o Nordeste é uma região que é associada a um atraso no desenvolvimento econômico e social, em comparação a outras regiões mais desenvolvidas, como as regiões Sudeste e Sul. Na verdade, o Nordeste é uma região com belezas naturais, com grande riqueza cultural, ambiental e econômica que precisa ser valorizada e explorada de forma estratégica em plena era digital.

 

Concluindo, a palestra online de mais de uma hora de Tania Bacelar — que recebeu em 2018 o prêmio de Personalidade Econômica do Ano e, em 2022, o de Mulher Economista pelo COFECON — é um chamado à ação. O enfrentamento da pobreza absoluta no Nordeste exige uma visão estratégica integrada, muito além de programas de transferência de renda e, sim, na valorização das potencialidades regionais, como a produção de novas energias limpas e renováveis e de importantes ecossistemas de inovação em plena Quarta Revolução Industrial.

 

O conhecimento gerado por economistas como Tania Bacelar sobre o desenvolvimento regional precisa ser amplamente disseminado no emergente, populoso, continental, tropical, desigual e lindo Brasil, especialmente, em um cenário global marcado pela guerra comercial dos Estados Unidos contra o resto do mundo e pelo regresso radical ao protecionismo.

 

Por fim, que o Nordeste seja, enfim, reconhecido não apenas por suas sérias carências, mas por sua capacidade de superá-las com dignidade, criatividade e resiliência, e, sobretudo, pelos seus potenciais econômicos, com os avanços no agronegócio, na indústria, nos serviços de logística, de tecnologia da informação e comunicação (TIC), de saúde e de educação, no comércio, no cooperativismo, e no turismo, com destaque para o Polo Turístico do Cabo Branco.

 

 

 

 

(*) Paulo Galvão Júnior é economista paraibano, escritor de 16 e-books de Economia com ISBN, conselheiro efetivo do CORECON-PB, diretor secretário do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba, apresentador do Programa Economia em Alta na Rádio Alta Potência e colunista do site da Revista NORDESTE (RNE) e do Portal North News em Toronto. WhatsApp para entrevistas e palestras: +55 (83) 98122-7221.
*Os conteúdos dos colunistas e articulistas publicados no site da Revista Nordeste são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da RNE.
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