Por Luciana Leão
Como já aguardado, Donald Trump, empossado como presidente dos Estados Unidos nesta segunda-feira (20), trouxe consigo um pacote de ordens executivas que reacenderam tensões internas e internacionais. Em seu discurso de posse, Trump prometeu “resgatar a América” e reverter o que chamou de “traumas” causados pelo governo anterior.
Este novo mandato surge como um divisor de águas que, longe de unificar, promete testar os limites da resiliência mundial.
No entanto, as medidas anunciadas representam uma guinada perigosa, com potencial de devastar as políticas globais e provocar crises econômicas. Seu mandato se desenha como um dos mais controversos, isolacionistas e desumanos da história recente.
Regressão ambiental e políticas climáticas
A retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris, pela segunda vez em uma década, simboliza um retrocesso alarmante nos esforços globais para combater as mudanças climáticas. Ao abandonar o maior pacto internacional sobre meio ambiente, Trump demonstra um desprezo pelas consequências do aquecimento global, agravando a crise climática e isolando o país no cenário internacional. Para completar, a saída da Organização Mundial da Saúde (OMS) reforça uma postura de descompromisso com questões globais vitais.
Controle de fronteiras e imigração
Trump declarou emergência nacional na fronteira EUA-México, desbloqueando recursos para militarizar a região e prometendo políticas cada vez mais severas contra imigrantes. A proposta de encerrar a cidadania por direito de nascimento não é apenas uma afronta ao princípio constitucional, mas também uma medida que aprofundará divisões sociais e fomentará uma crise humanitária.
Designar cartéis de drogas mexicanos como organizações terroristas adiciona tensão às relações com o México, podendo levar a uma escalada diplomática preocupante.
Reformas internas e políticas culturais
No plano doméstico, Trump assinou ordens que eliminam programas federais de diversidade e restringem o reconhecimento de gêneros apenas ao nascimento. Essas medidas são vistas como ataques diretos aos direitos civis e às conquistas das últimas décadas. Além disso, a criação de um “Departamento de Eficiência Governamental”, liderado por Elon Musk, levanta dúvidas sobre a transparência e os reais objetivos por trás de cortes drásticos em gastos governamentais.
Mudanças no Departamento de Estado e alianças internacionais
Substituir diplomatas apartidários por aliados políticos representa uma tentativa clara de aparelhamento do governo, colocando em risco a estabilidade e a independência das relações exteriores. Declarações como mudar o nome do Golfo do México para “Golfo da América” ou retomar o controle do Canal do Panamá revelam uma política externa que despreza alianças e acordos históricos.
Tecnologia, Marte e apoio empresarial
Apesar de atrair bilionários como Elon Musk, Jeff Bezos e Mark Zuckerberg, a aliança de Trump com grandes nomes da tecnologia parece servir mais a interesses individuais do que ao bem comum. Promessas de enviar astronautas a Marte podem soar ambiciosas, mas soam como distração diante de questões urgentes em casa.
Desafios e perspectivas
As medidas iniciais de Trump configuram um cenário de retrocessos em várias frentes. Seu isolacionismo agressivo e desdém por direitos humanos e ambientais ameaçam agravar crises globais e fragmentar ainda mais o tecido social americano.
*As opiniões são de responsabilidade de seus autores.
Foto: Paul Sancya/AP