A Paraíba na Vanguarda da Inteligência Artificial e Ciência de Dados

Materá publicada na edição 215 da revista Nordeste. Leia abaixo ou se preferir clique aqui e acesse a leitura por meio do APP da NORDESTE

 

A capital paraibana, João Pessoa, ganha destaque no cenário nacional e internacional com iniciativas que unem tecnologia, ciência e inovação, lideradas pela Secretaria de Ciência e Tecnologia da Prefeitura Municipal (SECITEC).

 

Sob a tutela do secretário Guido Lemos, referência no tema, a cidade busca consolidar-se como um polo de Inteligência Artificial (IA) e Ciência de Dados, mesmo diante de desafios estruturais.

 

Por Luciana Leão

 

Educação: Um Alicerce para o Futuro

 

Guido Lemos e a participação no Innovative Solution 2024, Zero Project Award

 

 

De acordo com Guido Lemos, 16.850 estudantes aprendendo a programar em João Pessoa representam um grande potencial de transformação tecnológica. Entre eles, estão 620 alunos em cursos de pós-graduação, 5.114 em graduação e 9.439 no ensino básico, além dos 6.470 inscritos no Programa CODE (SECITEC/PMJP), que capacita jovens em tecnologia e outras áreas estratégicas nas escolas municipais de João Pessoa.

 

Esse movimento, segundo Lemos,  faz parte de um esforço mais amplo para garantir que os talentos formados no estado sejam aproveitados em seu próprio ecossistema. Esses dados referem-se a 2023, divulgados pela CAPES e INEP em fevereiro deste ano. Os números de 2024 serão atualizados em fevereiro-março de 2025.

 

Nesse contexto, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) desempenha um papel de destaque nesse cenário. Foi a primeira instituição pública do Brasil, em 2019,  a oferecer o curso de graduação em Ciência de Dados e Inteligência Artificial, pioneirismo que reflete o compromisso do estado em liderar a formação de profissionais altamente qualificados.

 

João Pessoa tem talentos.Temos uma base educacional consolidada, mas enfrentamos o desafio de reter essas mentes brilhantes na Paraíba, evitando a migração para outras cidades”, reforça Guido. “Nosso papel como gestores é incentivar esses talentos e garantir que João Pessoa e a Paraíba estejam preparadas para liderar a próxima revolução tecnológica”, reforça Guido Lemos.

 

Projetos Estruturantes: do Horizonte sem Fronteiras ao Bairro Tecnológico

 

 

O secretário destaca que a ausência de um Parque Tecnológico robusto é um dos motivos para o êxodo de talentos, especialmente de programadores e profissionais de tecnologia, para polos como o Porto Digital no Recife.

 

Para enfrentar essa realidade, estão em andamento dois projetos estratégicos: o Parque Tecnológico Horizontes de Inovação, liderado pelo governo estadual, e um plano sendo elaborado pela Prefeitura Municipal de João Pessoa de construir um Parque Tecnológico próximo as praias da capital paraibana, ainda sem local definido.

 

“Nosso objetivo é criar um bairro tecnológico que una trabalho, moradia e lazer, oferecendo condições para que esses talentos fixem suas carreiras aqui e ajudem a transformar João Pessoa em um centro de inovação”, explica o secretário.

 

 

Inovações que já fazem a diferença

 

Guido Lemos é um responsáveis pelo projeto VLIBRAS, desenvolvido pelo Lavid (Laboratório de Aplicações de Vídeo Digital), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

 

A Paraíba não tem apenas talentos; ela já é berço de projetos que utilizam IA para solucionar problemas reais. O VLIBRAS, desenvolvido pela Lavid (Laboratório de Aplicações de Vídeo Digital), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) é um sistema que traduz português para a linguagem de sinais, é um exemplo notável.

 

Com mais de 40 milhões de acessos diários, ou ainda 5 bilhão de vezes por ano, ele tem sido utilizado por instituições como o Governo Federal por meio de uma parceria entre o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGISP), Secretaria de Governo Digital (SGD), o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), além de outras instituições como o Senado e a Câmara Federal promovendo inclusão para pessoas com deficiência auditiva.

 

Além disso, a Receita Estadual implementou IA na fiscalização de caminhões, identificando possíveis fraudes fiscais e facilitando a gestão tributária. Outra iniciativa é a IA Turmalina ( nome de pedra preciosa) mas também um robô fiscal (inteligência artificial) criado pelo Tribunal de Contas da Paraíba, em parceria com o Laboratório de Sistemas de Informação da Universidade Federal de Campina Grande, para analisar cada um dos Portais de Transparência dos órgãos e entidades públicas sob a jurisdição do TCE-PB.

 

Ela visa aprimorar a coleta, análise e apresentação de dados relevantes para as atividades de fiscalização e auditoria realizadas pelo Tribunal de Contas. “ É uma ferramenta baseada em IA desenvolvida para o Tribunal de Contas do Estado, que atua como ouvidoria e auxilia os auditores na análise de processos administrativos”, explica Lemos à revista NORDESTE.

 

TV 3.0 Plus, uma revolução para TV Aberta

 

No setor de entretenimento, a Paraíba está à frente participando ativamente do projeto da TV 3.0 ou DTV+, que promete revolucionar a TV aberta no Brasil.

 

A atuação de Guido Lemos foi crucial para o desenvolvimento da 3ª geração de TV Digital. Ele atuou no desenvolvimento do middleware Ginga, publicado como recomendações ITU-T e ITU-R, e adotado como padrão no Sistema Brasileiro de Televisão Digital e de vários outros países da América Latina, cuja implementação é um software hoje instalado em cerca de 100 milhões de aparelhos de TV.

 

Destacam-se ainda como resultados de suas pesquisas o desenvolvimento de um sistema de armazenamento, transmissão e exibição de vídeos 4K 3D denominado Fogo Player, o desenvolvimento de uma plataforma para apoio a realização de espetáculos distribuídos de dança, teatro e música denominada Arthron, o desenvolvimento de servidores de vídeo para transmissão ao vivo e sob demanda, denominados DLive e DVod, que foram usados na Rede de Vídeo Digital da RNP e no serviço IPTV da USP-SP.

 

“O Ginga na TV 3.0 trará um sistema para as TVs abertas que permitirá a execução de aplicativos inteligentes e interfaces interativas que competem de igual para igual com as plataformas de streaming. É um projeto nacional, mas está no estado da arte mundial”, explica Guido Lemos, que integra o Conselho Deliberativo do Fórum do Brasileiro de Televisão Digital (Fórum SBTVD), onde a nova TV 3.0 foi gestada.

 

Os primeiros testes devem ocorrer já em 2025, em São Paulo, e estamos trabalhando para viabilizar também testes na TV Cidade em João Pessoa”, complementa o secretário e também professor Titular do Departamento de Sistemas de Computação do Centro de Informática da Universidade Federal da Paraíba (DI-CI-UFPB).

 

A revolução da TV 3.0

 

A TV 3.0 é o novo padrão de tecnologia para a TV digital aberta e gratuita, que está sendo desenvolvido pelo Fórum SBTVD, com a participação de cerca de 90 pesquisadores de nove universidades brasileiras, financiados pelo Ministério das Comunicações (MCom) por meio da RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa) e profissionais de diversos setores ligados à radiodifusão.

 

Lemos é Doutor em Informática pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO). Coordena o LAVID (Núcleo de Pesquisa e Extensão em Aplicações de Vídeo Digital), onde desenvolve pesquisas nos seguintes temas: televisão digital, cinema digital, aplicações multimídia distribuídas, redes de distribuição de vídeo, performances artísticas distribuídas, acessibilidade, segurança da informação, fake news, telesaúde e aplicações de blockchain.

 

O Marco Regulatório da IA: Um Debate Prematuro?

 

A regulamentação da Inteligência Artificial é outro tema importante abordado por Guido Lemos. Para ele, a tecnologia ainda está em estágio inicial para ser regulada rigidamente.

 

O debate é verde. Criar uma legislação agora pode engessar a utilização da IA e impedir que ela se desenvolva plenamente. É preciso cautela para não criarmos barreiras ao progresso”, alerta o secretário.

 

O PL 2.338/2023, que estabelece o marco regulatório da IA no Brasil, está em tramitação no Senado Federal e pronto para ir a plenário.O texto propõe diretrizes que buscam garantir a segurança, ética e transparência no uso da IA, sem sufocar a inovação, diz os princípios básicos no PL.

 

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Luciana Leão

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