Projeto-piloto no Brasil do Índice de Felicidade Interna Bruta será em Noronha

Por Luciana Leão

 

Os primeiros resultados do I Fórum de Sustentabilidade e Turismo de Fernando de Noronha, realizado em setembro passado no arquipélago já começam a surtir efeitos. O território foi escolhido para implementar no Brasil o Indicador de Felicidade Interna Bruta (FIB), desenvolvido no Butão, país localizado entre a Índia e a China, com menos de 800 mil habitantes, considerado o mais feliz do mundo.

 

 

O FIB é um indicador científico que mede o desenvolvimento de um país, considerando aspectos além dos econômicos.

 

 

O conceito foi criado em 1972 pelo rei Jigme Singya Wangchuck, do Butão, como uma alternativa ao Produto Interno Bruto (PIB).

 

O FIB considera o crescimento econômico em seus aspectos qualitativos, como a qualidade de vida das pessoas, a conservação ambiental, o desenvolvimento sustentável, a preservação da cultura e a governança. O FIB, inclusive, passou a ser utilizado pela ONU (Organização das Nações Unidas) para complementar as medidas já tradicionais, como o PIB.

 

 

Início da Jornada

 

 

Caio Queiroz, Ceo da Aguama Ambiental. Foto Alexandre Ayala

 

 

O projeto-piloto do FIB no Brasil será oficializado no dia 10 de dezembro, quando o CEO da Aguama Ambiental, Caio Queiroz, viaja a convite do rei do Butão, o monarca Jigme Khesar Namyel Wangchuck, e do ministro Dasho Karma Ura, presidente do Centre for Bhutan Studies and Gross National Hapiness (GNH), para conhecer de perto essa realidade e contribuir com a implementação das diretrizes sustentáveis da Mindfulness City, nova cidade em construção no país que objetiva promover a biodiversidade por meio de seus diversos ecossistemas e paisagens naturais.

 

 

A Aguama Ambiental, empresa de gestão e marketing ambiental, com mais de 25 anos de mercado socioambiental, é quem coordenará o projeto-piloto no arquipélago de Fernando de Noronha.

 

 

“Quero conhecer a região, conversar com as pessoas que ali vivem, ver in loco seu modo de vida e entender mais sobre a proposta da nova cidade, sobre o FIB e como podemos ajudar com a parte de sustentabilidade, algo que está em nosso DNA”, explica Caio Queiroz ao site da NORDESTE.

 

 

A intenção, segundo Caio, é sincronizar as duas metodologias – da Aguama Ambiental com o FIB – e levar essa realidade não somente para o Butão, mas também para o Brasil, em um projeto disruptivo e inovador, inicialmente em Fernando de Noronha.

 

 

“A Aguama percebeu muito que, às vezes, chegava num lugar e a gente ensinava a separar o lixo, e todos os ensinamentos sobre resíduos, mas as pessoas e comunidade local falava: Bom, eu não tenho acesso a água potável, a minha renda é baixa e agora eu tenho que pensar nisso? Então, há casos em que a pessoa está totalmente desequilibrada, e você vem ainda pedir pra ela separar o lixo? Essa pessoa tem outras prioridades”, comenta.

Fernando de Noronha

 

 

 

 

Além da Aguama, outras organizações, profissionais e empresas devem participar, além da própria administração do arquipélago.

 

 

“Temos uma grande parceira que é a Renata Rocha, da Universality, que já faz um trabalho de mindfulness muito legal há anos, e ela estudou inclusive na Universidade do Butão, foi uma aluna do Dasho Karma Ura (Idealizador do índice de Felicidade Bruta) , que se tornou uma grande amiga dele, e a Aguama convidou a Renata inicialmente para fazer um trabalho de mindfulness neste Fórum de Sustentabilidade e Turismo de Fernando de Noronha”, explica o CEO.
Outra parceria será a Heineken Brasil, que tem interesse em implementar o índice FIB em Fernando de Noronha, segundo adiantou o CEO à NORDESTE.
“As empresas já estão atentas à questão da felicidade. Tanto que algumas inclusive já desenvolveram áreas próprias para cuidar do assunto, como o caso da Heineken, Gerdau e Suzano. São companhias com essa mentalidade que estão buscando ajudar a fomentar a felicidade. A ideia é somar esforços para que cada vez mais as pessoas tenham acesso a produtos e serviços de empresas sustentáveis”.

 

 

Implementação por etapas

 

 

 

A metodologia do FIB é extensa. Envolve 72 sub indicadores que cobrem nove dimensões, consideradas os principais componentes da felicidade e bem-estar no Butão: bem-estar psicológico, uso do tempo, vitalidade da comunidade, cultura, saúde, educação, diversidade do meio ambiente, padrão de vida e governança.

 

 

 

Caio Queiroz conta que a adoção do FIB em Fernando de Noronha será feita por etapas, com o início do trabalho focado em três pilares: resíduos, energia e água. “Será um trabalho de longo prazo, de avanço a cada requisito cumprido. Vamos aplicar todas as questões do índice para entender todos os aspectos que precisam ser trabalhados para tornar a população local mais feliz”.

 

 

 

A previsão é que no início de janeiro será iniciado a pesquisa em Fernando de Noronha , com duração de seis meses para coletar as informações e fazer os planejamentos de ações práticas.

 

 

 

 

“Noronha é uma mini-Brasil, que apresenta os mesmos problemas que o país têm em suas demais regiões. Pretendemos iniciar a implementação do FIB no próximo ano, a começar pela realização de entrevistas com os moradores para entender as questões que precisam ser trabalhadas para que a felicidade aumente na região”, ressalta.

 

 

 

 

A relação da Aguama com o Butão iniciou-se com a vida de Dasho Karma Ura,  coordenador do FIB, ao Brasil para participar do I Fórum de Sustentabilidade e Turismo de Noronha, realizado em setembro passado no arquipélago.

 

 

 

“Ele falou um pouco mais sobre o FIB e pudemos dar visibilidade à importância de aplicá-lo no Brasil. Sem uma comunidade local fortalecida, saudável e feliz, é difícil implementar projetos ambientais ou de turismo, já que quem vive no local é quem sustenta as ações no longo prazo”, enfatiza Caio.

Foto: Arquipélago de Fernando de Noronha/Acervo Iphan

 

 

 

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Luciana Leão

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