No início dos anos 1900, as confeitarias e lanchonetes do Recife e região, até então frequentadas
exclusivamente por homens de negócios, começaram a oferecer sorvete em seus menus. Com isso, esses espaços passaram a ser utilizados também por famílias inteiras para formaturas, homenagens, recepções e aniversários. Foi assim que surgiram as primeiras sorveterias pernambucanas.
Para homenagear o sorvete pernambucano, o escritor Gustavo Arruda lança o livro “No Tempo das Sorveterias”, resgatando dezenas de sorveterias antigas do Recife e região inauguradas entre 1800 a 1999. Foram quatro anos em uma pesquisa inédita nas histórias, curiosidades e fotos raras
da Gemba, Botijinha, Sertã, Dudi, Fri Sabor, Pérola, Pinguim, Estoril, Tio Beto, Bacana, Zeca´s, John´s, Vem Ká, D´aqui, Xaxá, Xinxa, Glacier, Maguary, Kibon, Gut-gut, Amorito, Milet e muitas outras. Algumas ainda em atividade. O prefácio é do professor Luiz Maranhão Filho.
No livro, o autor lembra que a Praça Joaquim Nabuco, no centro da capital pernambucana, era um dos endereços mais disputados para as sorveterias do Recife instalarem-se, pois ficava em pleno comércio central, perto de paradas de bonde, na passagem dos estudantes dos colégios da área e
em frente ao Teatro Moderno (depois, “Cine Moderno”). Esse teatro, em 1928, por sinal, lembra o autor mantinha a sorveteria Moderna, e revendia produtos da sorveteria Boa Vista, da Praça Maciel Pinheiro. Tinha como vizinho, a sorveteria japonesa (1932), a primeira de Heiji Gemba, e da antiga Polar (1936).
Já na Praça Maciel Pinheiro, bairro da Boa Vista, funcionaram a Amorim, a Boa Vista (1927), a Amerciana (1937). E, na Praça do Carmo, em Olinda, a Beira Mar e a Itália, a
Flórida (anos 1940) e uma filial da sorveteria Etna ( 1914).
“Algumas sorveterias enriqueciam a experiência gastronômica da freguesia com exposições rotativas de quadros, fotografias e esculturas, lançamentos de livros e música ao vivo
enquanto todos tomavam sorvete”, conta o autor. A Polar disponibilizava um enorme primeiro andar para eventos estudantis, de times de futebol inteiros e de intelectuais. Dessa forma, pegavam carona na divulgação na imprensa local dos eventos culturais, associando sua imagem à cultura.
Algumas forneciam, ainda, para ambulantes, com caixas e latas carregadas sobre na cabeça ou empurrando carrocinhas refrigeradas para levarem os sorvetes e picolés pernambucanos até as praias, portas de cinemas e escolas, parques públicos, estádios de futebol e festas populares.
Mas, segundo o autor foi a partir dos anos 60, as sorveterias do Recife e região receberam um forte
impacto com a instalação das grandes indústrias de sorvete; que as assediavam com tentadoras propostas para compra de suas firmas ou produtos mais conhecidos. Isso aconteceu com a sorvetes Xaxá, a D´AQUI, a FRI SABOR e a TIO BETO , entre outras. “Embora, normalmente por apego ao negócio, a maioria tenha resistido bravamente às tentações financeiras, mesmo às vezes arrependendo-se depois”, opina.
Serviço
Vendas do livro: loja.uiclap.com
Preço de capa: R$ 36,64 (158 págs)
Contatos com o autor: gtarrudaj@gmail.com