Após a descoberta de quatro ossadas humanas, durante obras de requalificação no Mercado de São José, zona central da capital pernambucana, em março deste ano, o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Prefeitura do Recife iniciaram trabalho de escavação arqueológica na área.
As ossadas foram achadas por trabalhadores que executavam o serviço de requalificação do Mercado, com investimento de R$ 20 milhões do Novo PAC Patrimônio Cultural. A área onde foram achadas as ossadas foi isolada.
“Assim que as descobertas foram comunicadas, a equipe técnica do Iphan realizou fiscalizações e solicitou, emergencialmente, o isolamento do local. É importante ressaltar que a obra só foi paralisada em áreas onde eram necessárias escavações. As intervenções continuaram nos demais pontos, como na fachada e no corredor central”, explicou a técnica do Iphan-PE, Mônica Nogueira.
No último dia 24 de outubro, o Iphan autorizou o início das escavações arqueológicas, sob responsabilidade de bioarqueólogos da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), na expectativa de que sejam encontrados outros sepultamentos humanos e artefatos históricos.
O superintendente do Iphan de Pernambuco Gilberto Sobral, explica a importância dessa etapa. “O Recife tem uma área muito grande, onde sempre se encontra áreas arqueológicas. O Iphan tem um cuidado muito especial com essa história. Não é só a questão histórica. É o respeito à ancestralidade também. Nós estamos achando ossos humanos, esqueletos humanos, mas são pessoas que viveram uma determinada época e que merecem todo o respeito por quem está hoje aqui”.
Gilberto falou que a partir de achados arqueológicos, pode surgir um espaço de memória no próprio mercado. “Nós estamos em tratativas com a prefeitura do Recife para ver se colocamos um memorial lá mesmo no mezanino, onde a gente possa contar a história de quem viveu, de quem passou por ali, de quem foi enterrado ali, onde fique em exposição alguns achados e o restante vai ser devidamente guardado nos laboratíros de arqueologia da universidade.”
Tombado pelo Iphan em 1973, o Mercado de São José foi fundado em 1875, é o mais antigo edifício pré-fabricado em ferro do Brasil e também o mais antigo mercado em atividade. É considerado um dos mais importantes pontos turísticos da capital pernambucana. Ele nunca fechou suas portas desde sua inauguração. As escavações devem seguir até agosto do ano que vem e a reforma deve ser concluída no início de 2026.
*Foto: Escavações arqueológicas no Mercado de São José/Marília Cireno/Iphan
*Com informações do Iphan