EXCLUSIVO: O saldo da 6ª Cúpula Mundial na China I Entrevista

“O NE na era da IA reforça Pacto pelo combate à desinformação”

 

Entrevista com Walter Santos sobre suas impressões a partir de sua participação na 6ª Cúpula Mundial da Média, em Uruqin, na China, a convite da Agência Xinhua. Entrevista publicada na edição 213, da revista NORDESTE. Leia abaixo ou acesse direto do APP

 

 

O universo de mídia internacional com impactos nas diversas aldeias globais ainda reverberando iniciativa da XINHUA – Agência de Notícias da China – de reunir veículos de comunicação e organismos de mídia de 105 países do mundo para discutir meios de encarar os efeitos da Inteligência Artificial na construção de um Pacto Global pela checagem da informação e de combate sistemático às Fakenews DeepFake, etc, em nome do bem estar civilizatório.

 

Neste processo tivemos a participação do fundador da Revista NORDESTE, Publisher Walter Santos, ao lado do diretor da Folha de São Paulo, Marcelo Benez, como únicos representantes de veículos de comunicação do Brasil na 6a Cúpula Global de Mídia, em Uruquin, na China, de 10 a 18 de outubro.

 

Revista NORDESTE – O senhor está de volta depois da imersão, debates e situações tratando a importância da Inteligência Artificial, mas no trato das disfunções maléficos do mau uso para distorcer e espalhar desinformação. Por que o nível da discussão chegou a esse patamar global?

 

Walter Santos – A história comprova que na cena geopolítica global contemporânea, sem dúvidas a China protagoniza processos de natureza estratégica voltados para envolver todos, independentemente de tamanho e importância, a exemplo da discussão da temática em torno da IA – estágio tecnológico extraordinário, mas que vem sendo usado para disseminar desinformação, algo que afeta todas as sociedades.

O Nordeste não estaria de fora de um drama que é global. Aliás, apresentamos a iniciativa da Paraíba, através do Laboratório Alumia envolvendo UFPB, Secitec, API, AMIDI, Ministério Público na checagem de conteúdos de forma inédita e antenada com as preocupações globais como bem social.

 

NORDESTE – O que chamou mais atenção em termos de conteúdos e discussões durante a 6a Cúpula Global de Mídia e por que somente a Revista e a Folha foram convidadas?

Walter Santos – Não podemos avaliar critérios próprios da XINHUA para a escolha de convidados, portanto, isso foge de nossa alçada. Agora, do ponto-de-vista organizacional, a 6a Cúpula ofertou abordagens de temas bem aprofundados, a exemplo de estudos apresentados pela equipe científica da XINHUA no trato da IA e seus efeitos, bem como a inserção de representantes dos vários continentes apresentando suas inquietações e realidades a exigir a construção de um Pacto Global pelo combate à desinformação.

 

NORDESTE – repetimos: por que se chegou a esse estágio de tamanha preocupação e até mobilização entre Países?

Walter Santos – No mundo global e de acessibilidade fácil de conteúdos já faz tempo identifica-se o mau uso dos algoritmos por setores da sociedade com interesse político e ideológico de perturbar a ordem da produção de conteúdos focando em construção de cenários voltados apenas a segmentar e nutrir somente setores interessados em gerar grupos e seitas contaminados com fakenews e deepfake. A Inteligência Artificial e seus benefícios também abriga quem use de mecanismos nefastos a perturbar a sociedade. A gravidade chegou a fazer existir iniciativas como da 6a Cúpula Global.

 

NORDESTE – No mundo de tantos conflitos ameaçando civilizações e países, através de guerras continuadas, onde cabe a preocupação com os assuntos narrados na 6a Cúpula?

Walter Santos – Vivemos na Era dos efeitos permanentes da Tecnologia de ponta a instrumentalizar a sociedade de ferramentas super modernas mas, em tempo, precisamos nos advertir para o perigo iminente das ações formuladas por segmentos extremistas voltadas para querer interferir na disseminação da informação social distorcida criando graves consequências, portanto, criar Pactos de combate à desinformação cumpre papel pedagógico fundamental nesta fase de nossa história.

 

NORDESTE – Como o senhor encara o papel dos nove estados na construção de meios à altura da preocupação da 6a Cúpula a gerar enfrentamento ao problema?

Walter Santos – A história prova que os estados nordestinos abrigam iniciativas no âmbito de comunicação e do jornalismo de nível qualificado ao longo dos tempos, por isso em todos os estados dispomos de referências especiais, a exemplo do Diário e Folha de Pernambuco, Jornal do Comércio, A Tarde, O Povo, Diário do Nordeste, Tribuna do Norte, etc com a Revista NORDESTE cumprindo seu papel de fazer a leitura do Brasil e do Mundo pela ótica dos 9 estados – tudo isso simboliza realidade de interlocução com as universidades e organismos do segmento para enfrentar a desinformação.

 

NORDESTE – Particularmente, como o senhor analisa o desempenho da China e sua interferência global na conjuntura de um tempo de conflitos, mas com os chineses se mantendo na vanguarda de diversos setores?

Walter Santos – A realidade global fala por si só. Vivemos um mundo contemporâneo consolidando no curso da história a real possibilidade desse mundo ser multipolar diante dos muitos fatos produzidos no tempo presente. É visível, por exemplo, o Ocidente usar e manter guerras de efeitos danosos às civilizações enquanto a China, no caso particular, insiste com a Rota da Seda expandindo interlocuções diplomáticas e negócios sem desferir uma bala sequer. Precisamos ainda acompanhar com atenção o significado e avanços do BRICS que, em 2025, terá o presidente Lula como líder do bloco. Aliás, o Brasil joga papel determinante ao condenar guerras e defender a construção negociada da Paz.

 

NORDESTE – Que cenários identificam a efetivação desse mundo multi polar sem o predomínio do dólar, por exemplo?

Walter Santos – Depois de deflagrada a Guerra da Ucrânia, os Estados Unidos, a Europa deflagraram as mais duras sanções econômicas possíveis contra Rússia tirando até empresas do País como forma de asfixiar a economia russa. Passado mais de ano a Rússia continua com sua moeda operando com demais países em rublos, sem dólar e não quebrou. Em síntese, está se ampliando os negócios sem a dependência do dólar e isso gera um mundo multipolar.

 

NORDESTE – Por fim, lições são deixadas pela 6a Cúpula Global de Mídia?

Walter Santos – Como não existe espaço vazio constatemos que no caso da XINHUA e do país em si eles estão atentos a todos os assuntos inerentes à sociedade global, como atesta-se neste evento da China, logo inserir na pauta assuntos da dimensão da IA e os efeitos da disseminação de fakenews revela um custo relativamente menor ao se criar Pacto dos atores da mídia do que encarar tudo sem iniciativa. A mídia entrou no foco da China no trato no trato do combate à desinformação. Melhor assim.

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Redacao RNE

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