Chateau HS: a referência paraibana que lembra a produção em Petrolina (PE)
Matéria publicada na edição 212, Setembro 2024, da revista Nordeste. Leia abaixo ou acesse direto pelo APP da Nordeste clicando AQUI.
Por Rosa Aguiar
No município de Sousa, distante 430 quilômetros da capital paraibana, João Pessoa, uma área de 4 hectares no perímetro irrigado do distrito de São Gonçalo está produzindo as primeiras uvas vitis viníferas.
A vinícola ChateauHS será a primeira da Paraíba que produzirá vinhos finos. Foram plantadas, em agosto do ano passado, três mil pés de vinte e quatro tipos de uvas, entre as principais, Sirah, Malbec, Touriga Nacional e Tannat.
A ideia de produzir vinhos finos no sertão da Paraíba surgiu em 2022, depois que o casal, médico Jarismar Segundo e a advogada Herta Sônia Gonçalves, visitaram as vinícolas de Saint-Emilion, um vilarejo nos arredores de Bordeaux, na França.
“Somos apaixonados por vinho e sempre viajamos para fazer enoturismo em diversos países. Ficamos impressionados com tantas vinícolas em Sain-Emilion. Sousa tem uma terra muito fértil, temos o melhor coco do Brasil, então, ficou aquele sonho, e, quando voltamos, passamos a estudar as semelhanças com a região produtora no Vale do São Francisco, fomos até lá e o sonho está se concretizando” conta Herta.
O produtor Jarismar Segundo ressalta a importância da localização da vinícola: “Estamos no perímetro irrigado de São Gonçalo, e tudo começou na década de 1930, quando foi construída a barragem e o açude São Gonçalo para ter água para abastecer a região. Isso aqui foi tão importante que nos anos 1940 só existiam dois Laboratórios de Solo no país, e um, era aqui. A partir da década de 1970 o Dnocs – Departamento Nacional de Obras Contra as Secas fez o perímetro irrigado numa área de cerca de cinco mil hectares para fomentar a agricultura local. A seca, entretanto, dizimou a agricultura, principalmente a produção do coco, a partir de 2010”.
Transposição do Rio São Francisco
Ele ressalta a importância da transposição do Rio São Francisco: “Agora ganhamos um novo fôlego, vivemos uma nova época que começa a impulsionar a agricultura da região com a transposição do Rio São Francisco, que cai no açude São Gonçalo. Esses canais que a gente passa tem água do Rio São Francisco, e isso fez a gente ter coragem de executar o sonho no perímetro irrigado com inovações”.
A vinícola Chateau HS deverá fazer a primeira colheita em novembro deste ano, e a expectativa é que a primeira safra chegue a cinco toneladas de uvas – o que equivale a 25% da capacidade. A ideia é beber vinho de Sousa na Semana Santa de 2025.
O empreendimento recebeu consultoria do renomado especialista catarinense José Figueiredo, produtor da cidade de Curaçá, na Bahia, na região do Vale do São Francisco, e tem como agrônomo o paraibano Guilherme Sena. Está sendo utilizada a fertirrigação, importante tecnologia que utiliza a irrigação como veículo para promover a nutrição e fertilização do solo.
Enoturismo
Está no planejamento da vinícola promover o enoturismo na região e, mesmo antes de iniciar a produção de vinhos, já é grande a movimentação de visitantes para conhecer os parreirais, lotados de uvas. Os novos produtores de vinhos do sertão paraibano queriam apenas realizar um sonho para a região, mas sabem que há potencial para mais. “Vamos começar a realizar eventos e construir um complexo enoturístico.
O agente do Programa de Roteirização Turística do Sebrae Paraíba, Silvo Netto Oliveira, responsável pelo território de Sousa, levou representantes de agências de receptivo turístico e jornalistas para conhecer o local e destaca que “a vinícola HS, pelos investimentos que tem sido feitos será, em breve, a oferta principal do turismo na região, lado a lado com o Vale dos Dinossauros, e irá atrair turistas de todo o país para saborear os vinhos produzidos no nosso semiárido”.