Por Redação RNE
A governadora Raquel Lyra e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, lançaram nesta quinta-feira (20) o Programa Sertão Vivo em Pernambuco. A iniciativa do governo federal prevê o investimento de R$ 299,1 milhões em ações para reduzir o impacto das mudanças climáticas no Agreste e Sertão pernambucanos, além de garantir a segurança alimentar e nutricional de homens e mulheres do campo.
Dos quase R$ 300 milhões contraídos, R$ 252 milhões serão destinados em forma de financiamento para o governo estadual e os R$ 47, 1 milhões restantes são repassados diretamente pelo BNDES, sem necessidade de pagamento, beneficiando as 75 mil famílias rurais no Estado, o equivalente a 300 mil pessoas, em 55 municípios. Ou seja, para o agricultor familiar, o apoio é 100% não reembolsável. Nesse caso, os recursos são provenientes do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrário (FIDA).
Sobre o Sertão Vivo
O programa Sertão Vivo tem como eixo central fomentar ações de resiliência climática para famílias que vivem na região do semiárido do Nordeste. No total, o programa conta com R$ 1,8 bilhão, sendo R$ 650 milhões captados pelo BNDES junto ao Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola, braço da Organização das Nações Unidas (ONU) para financiamento, a custos incentivados, de projetos que contribuam para as metas do Acordo de Paris.
Entre as iniciativas que serão fomentadas, estão as instalações de quintais produtivos para 10.800 famílias, cisterna de produção para 6 mil famílias, sistema de reuso de águas para 4.500 famílias, roçados para 9.300, além de práticas de gestão hídrica eficiente em 1.350 hectares e sistemas agroflorestais com espécies nativas da caatinga, adaptadas ao semiárido.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, ressaltou a importância do Sertão Vivo para combater as crises advindas das mudanças climáticas. “Numa iniciativa inédita, o Sertão Vivo une ação social de enfrentamento à pobreza com resiliência climática. Estamos investindo quase R$ 2 bilhões para essas ações no Nordeste. É uma prioridade do Governo Lula dar condições para que as famílias possam melhorar de vida de forma sustentável e, ao mesmo tempo, se preparar para as mudanças climáticas que já atingem o planeta, o Brasil e Nordeste em especial”, disse Mercadante.
Parcerias em agenda regional
Na ocasião, o presidente do BNDES lembrou a necessidade de criar parcerias por esta agenda, mencionando a Sudene como um exemplo de dinamismo neste contexto. Presente ao lançamento, o superintendenteda Sudene, Danilo Cabral, ressaltou que o programa Sertão Vivo conversa com a estratégia de atuação conjunta entre as duas instituições.
“Prestigiar o lançamento de um projeto do BNDES que conversa com as demandas do semiárido fortalece também a nossa atuação, na medida em que podemos acompanhar de perto os resultados desta medida e reproduzir as experiências de sucesso que podem surgir nesta que é uma ação regional”, comentou.
Aumento de áreas semiáridas
Estudo realizado pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) constatou que, no ano passado, houve um aumento de 52% das áreas semiáridas no país e o surgimento da primeira área árida no Brasil: são 5,7 mil km² na divisa de Pernambuco e Bahia.
“Sabemos que o semiárido será uma das regiões mais afetadas pelo aumento de temperatura. A região já vive esse processo de territórios transitando de semiárido para pequenos desertos. No Sertão Vivo vamos garantir que as famílias tenham assistência técnica, acesso a equipamentos, cisterna de produção, insumos e um conjunto de situações que permitam que essas famílias convivam com as mudanças climáticas”, explicou a diretora Socioambiental do BNDES, Tereza Campello.
“O sertanejo nordestino desenvolveu todo um conhecimento, uma experiência de convivência com o semiárido que é bem diferente em outros lugares. Esse projeto também vai ser uma experiência para outros territórios do mundo”, completou, lembrando a parceria com as Nações Unidas no projeto.
Nova diretora
A solenidade também foi marcada pela posse da nova diretora de Crédito Digital para pequenas e médias empresas do BNDES, Maria Fernanda Coelho, pernambucana, ex-presidente da Caixa por cinco anos nos governos anteriores do presidente Lula. Mas recentemente, em janeiro deste ano, a nova diretora do BNDES pediu demissão do cargo de secretária-executiva da Secretaria-Geral da Presidência da República.