Como novo Porto Digital Europa, a partir do Recife, consolida Tecnologia e Inovação além das fronteiras do Nordeste. A nova sede será inaugurada neste fim de maio. Em entrevista à NORDESTE, o diretor-executivo, Pierre Lucena, revela os planos para o novo ecossistema no velho continente e sua expectativa frente ao mercado europeu
Matéria publicada na edição impressa da NORDESTE. Leia abaixo ou se preferir acesse o app da REVISTA aqui
Por Luciana Leão
O Porto Digital, um dos ecossistemas mais consolidados de tecnologia, inovação e economia criativa no Brasil, localizado no Bairro do Recife, está se expandindo para a Europa com a inauguração de sua nova sede em Aveiro, Portugal. Cedida pela prefeitura, a estrutura funcionará em um prédio colonial totalmente reformado.
Com mais de 23 anos de conquistas, o PD se prepara para desbravar novos mares. O projeto Porto Digital Europa, planejado ao longo dos últimos dois anos, promete ser um marco na colaboração transatlântica e inovação sem fronteiras.
Ao lançar suas âncoras além-mar, em direção ao continente europeu, uma nova era de colaboração e inovação deu seu start em 2023, quando começou a funcionar em um prédio provisório no Parque de Exposições de Aveiro. Entretanto, com a inauguração prevista para fim de maio, o polo pernambucano, agora também europeu, leva consigo ideias revolucionárias e soluções disruptivas.
Expectativas e Planos
A NORDESTE conversou com o diretor-executivo, Pierre Lucena que prevê embarcar já numa primeira fase, até julho, 13 empresas do Recife em busca de novos mercados além-mar.
Atualmente, quatro empresas já estão instaladas na estrutura provisória cedida pela prefeitura de Aveiro. As startups a serem instaladas a partir de julho foram selecionadas para passar pelo processo de internacionalização de seus negócios na Europa em parceria com o Sebrae, em uma iniciativa que é parte de um programa do ambiente de inovação para exportar o potencial empreendedor brasileiro.
Aveiro foi escolhida pela sua infraestrutura portuária desenvolvida e reputação crescente como centro tecnológico. A cidade, conhecida como “Veneza portuguesa” oferece um ambiente ideal para o crescimento das empresas do Porto Digital, além de atrair talentos e investidores de toda a Europa.
Colaboração e Internacionalização
O Porto Digital Europa é um hub para a internacionalização de startups e empresas de TI brasileiras, além de servir como ponte para empresas portuguesas acessarem o mercado brasileiro.
O espaço facilita o soft landing de empresas – processo facilitado de internacionalização de empresas brasileiras para a Europa – , programa de aceleração – com internacionalização de negócios, matchmaking com investidores e clientes portugueses e europeus, além de apoio na atração e retenção de talentos.
“Este é apenas o começo de uma emocionante jornada rumo à internacionalização do Porto Digital. À medida que o projeto ganha vida em solo europeu, espera-se que ele sirva como um exemplo inspirador de como as colaborações transnacionais podem impulsionar o crescimento econômico e tecnológico em escala global”, avalia Lucena.
Segundo ele, este não é apenas um passo em direção à internacionalização do Porto Digital; é um salto ousado em direção ao futuro, onde fronteiras geográficas se tornam meras linhas no horizonte de possibilidades.
“Não se trata apenas de expandir horizontes comerciais, mas de estabelecer pontes de conhecimento e colaboração entre continentes. Este é apenas o começo de uma jornada, onde o Porto Digital se prepara para deixar sua marca no cenário global de inovação”.
Impacto no Brasil e no Mundo
No Brasil, o Porto Digital já possui hubs em Goiás, Caruaru (Agreste pernambucano), Aracaju – onde mantém curso de graduação em parceria com universidades locais- , além de escritórios em Brasília e São Paulo.
“Temos três frentes importantes nesse processo. Intercâmbio de pessoas; possibilidade de empresas estrangeiras virem se instalar aqui no Porto Digital , no Recife; bem como nossas startups e empresas puderem fazer negócios na Europa, além de nossos institutos como CESAR School , que inclusive já mantém negócios no país. Todo esse processo tem o apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e da prefeitura de Aveiro, que, inclusive, nos cedeu um prédio para nossa sede”, disse Lucena.
O diretor-executivo adiantou que algumas empresas e o PD já estão disputando editais de incubação para capacitação de empresas naquele país. ”É um projeto para que essas pessoas possam continuar nas suas empresas embarcadas no Porto Digital, mesmo que estejam fora do Brasil, contando com uma boa infraestrutura de trabalho em Aveiro”, comenta Pierre Lucena.
Crescimento e expansão
Em 2023, mesmo com os desafios globais, o Porto Digital cresceu significativamente, e alcançou R$ 5,4 bilhões de receita a partir das 415 empresas embarcadas e chegou a 18.400 colaboradores.
As 10 maiores empresas em faturamento no ano foram a Accenture, Avanade, Avantia, CESAR, Deloitte, Extreme Digital, Globo, Liferay, Neurotech e Tempest. Já as três com maior crescimento foram a Extreme Digital, Incognia e Safetec.
Em número de colaboradores, o grupo das que mais empregam foram Accenture, Avanade, Avantia, CESAR, Datamétrica, FITec, Serttel, Speedmais, Tempest e Uninassau EAD.
Além desse resultado positivo, novas empresas brasileiras como Bradesco e Grupo Moura, bem como as multinacionais Liferay e Deloitte se juntaram ao ecossistema, e instalaram escritórios e centros de inovação no PD. Com essas chegadas, a previsão é de mais 1.500 postos de trabalho no local.
Com todo esse cenário, o Porto Digital se mantém como o 3º maior setor de serviços de Recife, ficando apenas atrás de saúde e construção civil. Para Pierre Lucena, o futuro envolve a criação de novas empresas locais e a atração de laboratórios de inovação de empresas tradicionais.
“Novas empresas devem surgir pela comunidade local de startups e pela atração de empresas de economia tradicional, que querem montar laboratórios de inovação e enxergam no Porto Digital o local ideal, já que Recife possui uma boa rede de possíveis fornecedores de tecnologia e capital humano”, conclui.