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A água é de todos, mas estamos cuidando dela? Por Ana Odália Vieira Sena

Por Ana Odália Vieira Sena*

 

Água. Tão abundante e, ao mesmo tempo, tão frágil. No dia 22 de março, o mundo pára para falar dela. Mas será que realmente ouvimos o que a água tem a nos dizer? O Dia Mundial da Água, estabelecido pela ONU durante a Eco-92, no Rio de Janeiro, não deveria ser apenas uma data no calendário, mas um chamado à consciência.

Criada para sensibilizar a população sobre sua importância, essa data também nos convida a refletir sobre os desafios da preservação e do uso sustentável desse recurso essencial. Afinal, a água não é apenas um direito – é uma responsabilidade compartilhada.

Muitas vezes, só percebemos sua importância quando ela falta. No Brasil, quase 35 milhões de pessoas ainda não têm acesso à água tratada, e 100 milhões vivem sem rede de esgoto, segundo dados do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (SNIS/2022). Na Bahia, quatro das dez cidades brasileiras com maior déficit de abastecimento – Salvador, Feira de Santana, Camaçari e Vitória da Conquista – enfrentam dificuldades de acesso à água potável, reflexo da falta de infraestrutura e da degradação dos mananciais.

Diante desse quadro, a pergunta que me faço é: o que estamos fazendo para mudar isso?

A gestão da água não pode ser tratada como um problema distante. Se um rio seca, uma cidade inteira sofre. Se um aquífero é contaminado, a recuperação leva décadas. A responsabilidade é coletiva: do governo, das empresas, dos agricultores e de cada um de nós.

Na Bahia, os 14 Comitês de Bacias Hidrográficas são fundamentais para a gestão da água, reunindo sociedade civil, usuários e poder público para garantir o uso sustentável dos recursos hídricos. Eles aplicam a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei nº 9.433/1997), que estabelece a bacia hidrográfica como unidade territorial de gestão.

A Agência Nacional de Águas (ANA) já demonstrou que bacias com gestão participativa enfrentam menos crises hídricas, pois há planejamento e diálogo sobre o uso sustentável da água. No Brasil, essa responsabilidade é ainda maior, pois o país concentra 12% da água doce superficial do planeta, distribuída em grandes bacias, como a Amazônica, a do São Francisco e a do Paraná.

A Bahia abriga rios importantes, como o São Francisco e o Paraguaçu, mas enfrenta sérios problemas hídricos. Cerca de 50% dos rios baianos apresentam algum grau de contaminação, seja por resíduos industriais, esgoto sem tratamento ou uso excessivo de agrotóxicos. Além disso, 43,6% da água tratada é desperdiçada antes de chegar às torneiras, segundo o SNIS (2022).

Outro desafio crítico é o avanço da desertificação: mais de 30% do território baiano apresenta risco severo de degradação, reduzindo a disponibilidade de água para comunidades e atividades produtivas. Mudanças climáticas também agravam o problema, tornando o regime de chuvas cada vez mais irregular e comprometendo a recarga dos aquíferos. Esses números não são apenas estatísticas frias – refletem racionamentos, rios secos e conflitos pelo uso da água.

Diante dessa realidade, agir é urgente. Recuperar nascentes e matas ciliares é essencial para manter os cursos d’água. Reduzir o desperdício, modernizando as redes de distribuição, pode evitar a perda de milhões de litros diariamente. O investimento em saneamento básico é outra ação indispensável, pois apenas 38% do esgoto na Bahia é tratado.

A educação ambiental também precisa ser fortalecida para conscientizar a população sobre o uso racional da água. Na agricultura, setor que mais consome água, é fundamental adotar técnicas de irrigação eficiente para evitar desperdícios, garantindo maior produtividade sem comprometer os mananciais.

Os Comitês de Bacias são peças-chave para garantir a gestão participativa e responsável da água, equilibrando as necessidades humanas, ambientais e econômicas.

A boa notícia é que existem soluções. O que falta, muitas vezes, é vontade – de governos, empresas e de cada um de nós.

A adoção dos direitos da água é essencial para garantir a sustentabilidade dos recursos hídricos, estabelecendo regras claras sobre uso e distribuição. Isso promove uma gestão mais eficiente, reduz conflitos e incentiva a conservação, garantindo segurança hídrica para as futuras gerações.

Neste 22 de março, Dia Mundial da Água, convido você a refletir: o que estamos fazendo para garantir que nossos filhos e netos tenham água limpa, em quantidade e qualidade suficientes?

Se a resposta não for clara, talvez seja hora de mudar. O futuro da água começa agora. O que escolhemos fazer hoje definirá o amanhã.

 

 

*Ana Odália Vieira Sena é presidente do Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Peruípe, Itanhém e Jucuruçu, coordenadora do Fórum Baiano de Comitês de Bacias Hidrográficas. Bióloga, mestre em Educação pela PUC-MG e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ensino da UESB, é professora assistente da UNEB, atuando com foco em Educação Ambiental, Políticas Públicas e Recursos Hídricos.
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Redacao RNE

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