Em meio à guerra comercial entre Estados Unidos e China, o Brasil desponta como principal fornecedor mundial de produtos agropecuários e agroindustriais, especialmente para o mercado chinês, e pode ampliar sua presença global, segundo estudo recente da Insper Agro Global.
O país superou os Estados Unidos, seu principal concorrente nessa categoria, e atingiu US$ 137,7 bilhões em exportações no ano passado, US$ 14,4 bilhões a mais do que o total exportado pelos norte-americanos no setor.
A análise do instituto considera apenas países e a classificação de commodities agropecuárias e agroindustriais usada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. O especialista em comércio exterior e diretor da Tek Trade, Sandro Marin, em análise enviada ao site da RNE, atribui o avanço das exportações brasileiras do agro às recentes safras de grãos recordes e à guerra comercial entre EUA e China, que impulsionaram o Brasil como principal fornecedor de produtos agropecuários para os chineses.
“O Brasil é referência global em exportações do agronegócio e vem aumentando ano a ano a produtividade por hectare, o que permite a expansão desse mercado internacional. Hoje, o país já é o maior exportador global de soja, por exemplo, e está em posição vantajosa no comércio com a China, sendo o seu principal fornecedor de produtos agropecuários, o que pode ser ampliado com as taxações impostas pelo governo dos Estados Unidos. Mesmo com a redução das exportações de soja e milho no início deste ano, o Brasil deve continuar expandindo sua presença global, especialmente com a abertura de novos mercados para o agro, como no Oriente Médio e no Sudeste Asiático”, explica Marin.
Série histórica do agro brasileiro
Dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), apontam que o agro brasileiro exportou US$ 11 bilhões em janeiro deste ano, o segundo maior valor da série histórica para o período.
Também foram abertos 24 novos mercados para os produtos agropecuários brasileiros, com destaque para Paquistão, Bangladesh e Turquia. Esse aumento é atribuído a alta nas cotações de produtos como café, celulose, carnes, suco de laranja e cacau. Além disso, setores como carnes, produtos florestais, café, complexo soja, complexo sucroalcooleiro e cereais, farinhas e preparações superaram US$ 1 bilhão em exportações no primeiro mês do ano.
Desafios e ações imediatas para manter liderança
Para Sandro Marin, as tendências internacionais estão favoráveis às exportações do agro brasileiras, mas é necessário adotar medidas para minimizar impactos das oscilações cambiais, barreiras comerciais e mudanças climáticas.
Apesar de o agronegócio brasileiro ter uma posição consolidada no cenário global, para manter essa liderança exige visão estratégica e investimentos contínuos. A competitividade do setor , segundo o especialista, “depende não apenas de safras robustas e do crescimento da demanda internacional, mas também da nossa capacidade de diversificar mercados, reforçar a infraestrutura logística e agregar valor aos produtos, já que nas exportações totais do agro continuamos atrás dos Estados Unidos justamente por conta dos produtos com maior valor agregado”.
Segundo Marin, o Brasil tem potencial para expandir ainda mais sua presença internacional, desde que adote um planejamento de longo prazo alinhado às tendências globais e às exigências dos novos consumidores, completa o especialista e diretor da Tek Trade.