A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, defendeu a urgência na implementação de políticas climáticas e ambientais em entrevista a radialistas nesta quarta-feira (19). Durante o programa “Bom Dia, Ministra”, ela abordou temas como desmatamento, aquecimento global, exploração de petróleo e os desafios para a Conferência da ONU sobre Mudança do Clima, a COP30, que ocorrerá em novembro, em Belém (PA).
Implementação e compromisso internacional
Segundo Marina, o Brasil tem uma “grande oportunidade” ao sediar a COP30, destacando o compromisso do país com a questão climática. “A gente tem uma grande oportunidade de ter novamente no Brasil uma das conferências mais importantes, porque ela nasceu no Brasil em 1992, na Eco 92, e é a primeira vez que a COP se realiza aqui. Ou seja, tem a conferência mãe, onde ela nasceu, e agora ela volta adulta, com 30 anos de idade”, disse a ministra.
Ela ressaltou que o Brasil apresentará na conferência resultados expressivos, como a queda no desmatamento na Amazônia e no Cerrado, a meta de redução de emissões de CO² e investimentos na prevenção de desastres.
“Estamos chegando também com o Plano Clima, que são sete programas na parte de mitigação e 16 na parte de adaptação, e o Plano de Transformação Ecológica, liderado pelo Ministério da Fazenda. Eu e o ministro Haddad fomos a Nova Iorque, fizemos um lançamento de títulos verdes e conseguimos R$ 10 bilhões para o Fundo Clima”, afirmou.
Fim do desmatamento e combate aos incêndios
A ministra destacou que a política ambiental exige investimentos e decisões estratégicas para erradicar a destruição das florestas.
“Agora só tem um caminho: implementar. É fim de combustível fóssil, de desmatamento, e isso precisa se refletir. Quando você fala em fim do desmatamento, tem que entender que é um grande investimento. Temos metas para todos os setores da economia: transporte, energia, indústria, agricultura, desmatamento”, enfatizou.
Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), os alertas de desmatamento na Amazônia Legal atingiram o menor nível da série histórica para fevereiro, com redução de 64,26% em relação ao mesmo mês de 2024.
Para enfrentar os incêndios florestais, Marina Silva destacou a ampliação das brigadas federais.
“Temos a maior contratação de brigadistas da história, com 4.608 profissionais organizados em 231 brigadas florestais federais, um aumento de 25% em relação a 2024”, explicou.
A ministra também anunciou que os Planos de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento (PPCD) serão expandidos para todos os biomas brasileiros. Os planos do Pantanal e da Caatinga foram lançados em dezembro de 2024, e os do Pampa e da Mata Atlântica serão apresentados até abril de 2025.
Exploração de petróleo na Margem Equatorial
Outro tema abordado foi a exploração de petróleo na Margem Equatorial. Marina Silva destacou que o processo está em análise técnica e não sofrerá interferências políticas.
“O presidente Lula, com muita sabedoria, mandou que esses projetos de alto impacto ambiental fossem encaminhados para estudos. Esses estudos estão sendo feitos e o Ibama está trabalhando no pedido de licença feito pela Petrobras. Os técnicos estão apresentando o parecer e a decisão será técnica, seja para o sim, seja para o não“, afirmou.
Financiamento e transição energética
Marina Silva também abordou a necessidade de abandonar os combustíveis fósseis e investir em energia limpa.
“O mapa do caminho para o fim do uso de combustível fóssil é uma necessidade inarredável da humanidade. É o uso de combustível fóssil que faz com que o clima tenha mudado com todos esses problemas que estamos enfrentando e depende, sim, de financiamento público de países ricos e financiamento privado”, destacou.
A ministra reiterou que as metas climáticas do Brasil estão alinhadas à necessidade global de conter o aquecimento do planeta.
“Essas metas têm que estar alinhadas em não deixar a temperatura ultrapassar 1,5ºC. Isso significa a oportunidade de um novo ciclo de prosperidade. É por isso que estamos apostando na bioindústria, na bioeconomia, na economia circular, na agricultura de baixo carbono e na nossa capacidade de produzir alimentos”, concluiu.