O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, participou do encontro de novos prefeitos e prefeitas, realizado em Brasília nesta semana. Em um dos painéis do evento promovido pelo Governo Federal, o embaixador falou da importância do alinhamento das prefeituras com as metas de enfrentamento às mudanças do clima.
O evento, que reuniu gestores municipais de todo o país, abordou o papel central das cidades na implementação de políticas sobre o clima e a promoção de ações locais para a redução das emissões de gases do efeito estufa.
André Corrêa do Lago ressaltou a importância de integrar as cidades nas discussões globais sobre o clima, especialmente diante do cenário desafiador apresentado pela ciência.
“As cidades estão entusiasmadas. Isso comprova o quanto é importante integrarmos cada vez mais as cidades nas COPs”, afirmou o embaixador. Ainda destacou que o Brasil é um país altamente urbano, com 87% da população vivendo em cidades, e que, mesmo na Amazônia, mais de 70% da população reside nessas áreas. “As soluções das cidades serão as que vão trazer mais rapidamente o combate à mudança do clima próximo das pessoas”, defendeu.
O embaixador também enfatizou a necessidade de mostrar ao público as boas notícias e as soluções já existentes para o enfrentamento às mudanças do clima.
“Combater a mudança do clima pode ser muito positivo para o crescimento econômico e a vida das pessoas deve melhorar com isso”, argumentou. Ele sublinhou o papel da COP30, que será realizada em Belém, em novembro, como uma oportunidade para fortalecer a ideia de que o Brasil é um dos países que mais pode se beneficiar com a agenda do clima.
Cidades na linha de frente das consequências climáticas
Ana Toni, diretora executiva da COP30, também participou do evento e enfativou a relevância de trazer o debate climático para o centro das discussões municipais.
“As consequências da mudança do clima batem na porta das cidades. Quando há enchentes, incêndios ou falta de água, é na porta dos prefeitos e prefeitas que a população bate”, afirmou. Ela ressaltou que, embora o debate sobre o clima tenha começado em nível global, as soluções precisam ser implementadas localmente, com a colaboração de governos federais, estaduais e municipais.
Ana Toni mencionou os quatro pilares que estão sendo trabalhados para a COP30: a reunião de líderes, as negociações, a agenda de ação e a mobilização. “A COP30 no Brasil será um marco para acelerar projetos e soluções, e as cidades estarão na linha de frente”, declarou. Ela também destacou a importância do financiamento para ações climáticas, citando programas como o Fundo Clima e o EcoInvest, além do papel crucial dos bancos nacionais e internacionais.
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Embaixador André Corrêa e Ana Toni reforçam papel das cidades na COP30 durante encontro de prefeitos e prefeitas em Brasília | Foto: Rafa Neddermeyer / COP30
Soluções climáticas devem ser holísticas
Anaclaudia Rossbach, diretora-executiva da ONU-Habitat, reforçou a papel das cidades como centros de soluções para as crises do clima.
“Mais de metade da população mundial vive em cidades, e até 2050 serão 70%. As cidades são onde as pessoas estão, e é nelas que as soluções devem ser implementadas”, afirmou. A diretora destacou que as cidades sofrem desproporcionalmente os impactos da mudança do clima, especialmente as populações mais vulneráveis, como aquelas que vivem em favelas e assentamentos precários.
Anaclaudia pontuou a necessidade de soluções holísticas que integrem questões ambientais, sociais e econômicas. “Não podemos resolver a questão ambiental sem tratar das desigualdades. As cidades têm a capacidade de coordenar ações no território e oferecer respostas integradas”, afirmou. Ela também destacou o planejamento urbano e o uso sustentável do solo para garantir que as cidades sejam resilientes e preparadas para os desafios climáticos.
O século XXI será das cidades
Edvaldo Nogueira, ex-prefeito de Aracaju e presidente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), defendeu o municipalismo como peça-chave para o desenvolvimento e a resolução dos problemas do século XXI.
“As cidades serão decisivas para enfrentarmos os desafios das mudanças do clima. Não há solução sem a participação efetiva das cidades”, justificou. Ele reforçou que as cidades são responsáveis por grande parte das emissões globais e, ao mesmo tempo, são as mais afetadas pelos impactos do clima.
Nogueira também ressaltou a oportunidade que o Brasil tem de liderar pelo exemplo na COP30. “O Brasil pode dar um grande exemplo ao mundo, assim como fez em outras áreas. Agora, temos a chance de mostrar nossa liderança no enfrentamento às mudanças do clima”, avaliou.
Cidades lideram a agenda climática
Gregor Robertson, embaixador do CHAMP (Coalizão de Lideranças Climáticas), assinalou o papel das cidades como líderes na agenda do clima.
“As cidades estão à frente de seus países, indo mais longe e mais rápido em soluções climáticas”, afirmou. Ele citou que 75% das cidades comprometidas com a agenda do clima estão entregando compromissos maiores do que os previstos em suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), que são planos de ação climática de cada país.
Robertson elogiou a liderança do Brasil na agenda do clima e destacou a importância da COP30 como uma oportunidade para escalar financiamentos e projetos.
“A COP30 será um marco para mostrar ao mundo a liderança do Brasil e o poder das parcerias multiníveis”, ressaltou. Ele acrescentou que, sem a participação das cidades, não será possível vencer a batalha contra as mudanças do clima. Outros participantes do painel também reiteraram que a colaboração dos governos municipais será essencial para garantir que as metas sejam alcançadas e que os impactos das mudanças do clima sejam minimizados.