Um ano após a fuga inédita de dois detentos do Presídio Federal de Mossoró (RN), o governo federal iniciou a construção de uma muralha de proteção no local. A obra, orçada em R$ 28,6 milhões, teve início em janeiro e deve ser concluída até 2026, segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). O prazo é superior à previsão inicial, que estimava a entrega para agosto de 2025, mas o ministério atribui o atraso à complexidade do processo licitatório.
A fuga de Rogério da Silva Mendonça, conhecido como Martelo, e Deibson Cabral Nascimento, apelidado de Tatu, ocorreu em 14 de fevereiro de 2024, durante o Carnaval. Os dois, integrantes do Comando Vermelho, escaparam por uma luminária no teto do presídio, expondo falhas na segurança da unidade. Após 50 dias de buscas, foram recapturados no Pará e transferidos para o Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná.
Além da muralha, o MJSP realizou melhorias no presídio, como a instalação de grades nos shafts (acessos a tubulações), reforço na iluminação e ampliação do sistema de monitoramento. O número de câmeras de alta qualidade saltou de 75 para 194, e drones foram incorporados à vigilância noturna. A unidade também recebeu 19 novos servidores, a maioria policiais penais federais.
A corregedoria da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) concluiu dois Processos Administrativos Disciplinares (PADs) relacionados à fuga, recomendando a suspensão por 30 dias de quatro chefes de plantão. Eles são acusados de não fiscalizar os procedimentos de revista nas celas. Outros processos envolvendo dez servidores ainda estão em andamento.