A Embrapa, em parceria com a Cooperativa Mista de Produção e Comercialização Camponesa de Alagoas (Coopcam), está investindo no desenvolvimento e aprimoramento de bebidas fermentadas à base de jabuticaba. A iniciativa busca agregar valor a essa fruta típica brasileira, expandir seu potencial de mercado e promover a inclusão socioprodutiva de familiares agrícolas no Agreste alagoano.
Produtores e pesquisadores participaram de uma capacitação na Embrapa Semiárido, em Petrolina (PE). O evento proporcionou uma troca de conhecimentos sobre técnicas de fermentação, legislação e inovação no processamento da jabuticaba. Uma visita técnica à Coopercuc, na Bahia, complementou a programação, oferecendo à Coopcam acesso a boas práticas de produção e gestão em uma referência cooperativa no Semiárido.
Objetivos principais do projeto
O projeto, coordenado pela Embrapa Alimentos e Territórios, reúne unidades de pesquisa da Embrapa para atender as demandas da Coopcam. Entre os focos da iniciativa estão: Melhoria do fermentado de jabuticaba; Aproveitamento sustentável de subprodutos; Isolamento de fermentos específico.
Técnicas de processamento e desafios
De acordo com a pesquisadora Ana Cecília Rybka, o fermentado de jabuticaba enfrenta desafios técnicos, como a alta acidez da fruta e os limites de impostos de açúcar pela legislação.
Para lidar com essas questões, a equipe aplicou técnicas do universo do vinho, adaptando-as à realidade do produto, além da padronização do fermentado tradicional, foi desenvolvido um novo produto: o fermentado de jabuticaba gaseificado, que amplia o portfólio da cooperativa.
Mercado e potencial nutricional
A pesquisadora Aline Biasoto, da Embrapa Meio Ambiente, ressaltou que os fermentados de jabuticaba possuem grande potencial no mercado de bebidas artesanais, tanto nacional quanto internacional. Ela também destacou o alto teor de compostos fenólicos presentes no fermentado, conhecidos por seus benefícios à saúde, como ação antioxidante.
“Estamos trabalhando para que os produtos da Coopcam atendam às exigências legais e conquistas boas acessíveis no mercado, destacando seus diferenciais nutricionais e sensoriais”, explica Aline.
Impacto para a Coopcam e próximos passos
José Fernando Silva de Lima, tesoureiro da Coopcam, confirma a importância do projeto para os agricultores. “Estamos aprendendo técnicas que podem ser aplicadas imediatamente e que fazem toda a diferença. Antes, era como se estivéssemos no escuro, e agora temos um caminho iluminado para seguir”.
Priscila Zaczuk Bassinello, líder do projeto, enfatiza que as soluções apresentadas foram pensadas para a realidade da cooperativa. “Compartilhamos todo o processo de desenvolvimento, desde os desafios superados até os resultados alcançados, para que os cooperados possam adotar gradualmente as inovações que melhor se encaixam em sua produção.”
Com a implementação das melhorias, espera-se que os fermentados de jabuticaba da Coopcam ganhem destaque no mercado local e em outros estados, impulsionando a renda dos agricultores familiares e fortalecendo o cultivo no agreste alagoano.