Em 2025, o mercado de trabalho brasileiro deverá registrar a criação de 1,2 milhão a 1,5 milhão de novos empregos com carteira assinada, segundo estimativas da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Esse número reflete uma desaceleração em comparação a 2024, quando, até novembro, mais de 2,2 milhões de vagas foram abertas, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O cenário previsto para 2025 também aponta para um ritmo mais lento do que o observado nos anos de 2021 e 2022.
A FecomercioSP atribui essa desaceleração a uma conjuntura econômica mais desafiadora, marcada por menores estímulos fiscais e pela continuidade de juros elevados. Esses fatores estão associados a uma demanda interna acima do esperado e a um cenário de risco fiscal persistente, que influencia tanto a inflação quanto as expectativas econômicas.
“A política monetária mais restritiva deverá impactar diretamente o consumo das famílias e o investimento das empresas, reduzindo o crescimento econômico e, consequentemente, o ritmo de geração de empregos”, explica Jaime Vasconcellos, assessor da FecomercioSP.
Com base nas projeções do Boletim Focus, que estima um crescimento de aproximadamente 2% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, o saldo esperado é de 1,2 milhão de novos empregos formais. Caso o crescimento do PIB alcance 2,5%, esse número pode chegar a 1,5 milhão de vagas.
Serviços lideram a geração de empregos em 2024
Entre janeiro e novembro de 2024, o Brasil registrou a criação de cerca de 2,2 milhões de postos de trabalho formais, com o setor de Serviços liderando o crescimento, responsável por quase 1,2 milhão de vagas — o equivalente a 53,2% do saldo total do período. Outros setores, como Indústria, Agropecuária, Comércio e Construção Civil, também registraram aumento na empregabilidade.
Contudo, a sazonalidade negativa de dezembro deve reduzir o saldo acumulado. “A expectativa é de que o Caged aponte menos de 2 milhões de vagas formais criadas em 2024, devido à retração típica do último mês do ano, que pode eliminar cerca de 400 mil postos de trabalho”, analisa Vasconcellos.
A FecomercioSP destaca que o desempenho do mercado de trabalho em 2024 refletiu o ritmo acelerado da economia. “A expansão do emprego formal sustentou o crescimento econômico, que, por sua vez, foi impulsionado pelo aumento do consumo das famílias”, aponta o assessor.
Esse cenário foi favorecido por fatores como a política fiscal expansionista, a estabilidade de preços e a ampliação do crédito, com o PIB de 2024 projetado para fechar em torno de 3,5%.