Relatório da ONU aponta crescimento econômico global estagnado em 2,8%

O relatório das Nações Unidas sobre a Situação Econômica Mundial e Pespectivas para 2025 prevê que o crescimento global permanecerá em 2,8% este ano, o mesmo valor observado em 2024. Para o Brasil,  análise aponta crescimento do PIB  brasileiro de 3%, um pouco abaixo das expectativas do Governo brasileiro, que estima 3,6%.

 

A publicação, lançada nesta quinta-feira (9), em Nova Iorque, indica que 2026 será marcado por um leve aumento para 2,9%.

 

Crescimento abaixo da média pré-pandemia

 

O levantamento organizado pelo Departamento de Assuntos Socioeconômicos da ONU, Desa, revela que embora a economia global tenha sido resiliente a uma série de choques contínuos, o crescimento segue abaixo da média pré-pandemia, de 3,2%.

 

As limitações identificadas incluem fraco investimento, lento crescimento da produtividade e elevados níveis de endividamento.

 

O relatório observa que a inflação mais baixa e a flexibilização monetária em curso em muitas economias poderiam proporcionar um impulso “modesto” à atividade econômica mundial em 2025.

 

No entanto o texto afirma que “uma grande incerteza ainda persiste”, com riscos decorrentes de conflitos geopolíticos, tensões comerciais crescentes e aumento dos custos de empréstimos em muitas partes do mundo.

 

Estes desafios são considerados particularmente graves para os países de baixo rendimento e vulneráveis, onde o crescimento abaixo da média pode prejudicar ainda mais o progresso rumo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS.

Disparidades regionais

 

O relatório estima que o crescimento nos Estados Unidos caia de 2,8% em 2024 para 1,9% em 2025, com a desaceleração do mercado de trabalho e redução dos gastos dos consumidores.

 

Já na Europa, a expectativa é de uma recuperação modesta, com o crescimento do Produto Interno Bruto, PIB, de 0,9% em 2024 para 1,3% este ano, apoiada pela redução da inflação e pela resiliência dos mercados de trabalho. Por outro lado, o fraco crescimento da produtividade e o envelhecimento da população continuam a pesar sobre as perspectivas econômicas da região.

 

Prevê-se que o Leste Asiático cresça 4,7% em 2025, impulsionado pelo crescimento estável projetado para a China de 4,8%. O sul da Ásia deve continuar sendo a região com crescimento mais rápido, com aumento do PIB projetado em 5,7% este ano, liderado pela robusta expansão de 6,6% da Índia.

 

Na África, o crescimento econômico esperado é de 3,4% no ano passado para 3,7% em 2025. Esse desempenho será em grande parte devido às recuperações nas principais economias, incluindo Egito, Nigéria e África do Sul. Contudo o relatório ressalta que os conflitos, o aumento dos custos do serviço da dívida, a falta de oportunidades de emprego e a crescente gravidade dos impactos das alterações climáticas pesam sobre a economia do continente africano.

 

Na América Latina, ainda que menos otimista que o governo brasileiro, o resultado apontado pela ONU para o Brasil ficou acima da média global de 2,8% e também superou a expansão de 1,9% registrada no continente.

 

Recuperação comercial e inflação

 

Os dados apontam que o comércio global deve crescer 3,2% em 2025, impulsionado pela melhoria das exportações de bens manufaturados da Ásia e pelo forte comércio de serviços.

 

No entanto, as tensões comerciais, políticas protecionistas e incertezas geopolíticas são considerados riscos significativos.

 

Em relação a inflação global, a previsão é de queda, saindo de 4% em 2024 para 3,4% em 2025, proporcionando algum alívio às famílias e empresas.

 

Espera-se que os principais bancos centrais reduzam ainda mais as taxas de juro este, à medida que as pressões inflacionistas continuem diminuindo.

 

Recomendações

 

Apesar da diminuição da inflação mundial, a alta no preço dos alimentos permanece, com quase metade dos países em desenvolvimento registrando taxas superiores a 5% em 2024.

 

Isso aprofundou a insegurança alimentar em países de baixo rendimento que já enfrentam fenômenos climáticos extremos, conflitos e instabilidade econômica.

 

O relatório recomenda que os governos evitem políticas fiscais excessivamente restritivas e, em vez disso, concentrar-se na mobilização de investimentos em energia limpa, infraestrutura e recursos sociais críticos, em setores como saúde e educação.

 

A publicação apela ainda por uma ação multilateral ousada para enfrentar as crises interligadas da dívida, desigualdade e mudanças climáticas.

 

*Com informações da ONU

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Luciana Leão

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