CNI propõe pacto para a retomada do desenvolvimento

Entidade celebra crescimento do Brasil, mas alerta: é preciso consenso para enfrentar alta do dólar, juros e déficit fiscal, garantindo avanço sustentável


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– A Confederação Nacional da Indústria (CNI) apresentou nesta segunda-feira (6),  uma proposta de pacto nacional para garantir a retomada do desenvolvimento econômico no Brasil. A iniciativa surge em um momento crítico, quando, apesar dos avanços registrados em 2024, a economia enfrenta desafios significativos, como a alta do dólar, elevação dos juros e um déficit fiscal crescente.

 

 

De acordo com a nota da CNI, assinada pelo presidente da entidade, Ricardo Alban, “a convergência entre o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Judiciário, somada à participação dos governos estaduais e municipais, configuraria um passo fundamental para a mitigação de riscos”. A proposta visa alinhar políticas fiscais e monetárias, estabilizar o câmbio e promover estímulos a setores estratégicos, como a indústria de transformação, considerada a principal propulsora do crescimento recente.

 

Avanços em 2024 e os desafios para 2025

 

Nos primeiros meses de 2024, a economia brasileira surpreendeu ao apresentar um dinamismo acima do esperado. “Havia, inclusive, sinais inequívocos de solidez em áreas-chave, como a indústria de transformação, que começou a colher benefícios de uma nova orientação de política industrial — a chamada Nova Indústria Brasil (NIB)”, destacou a entidade.

A política NIB trouxe resultados expressivos em setores como o automotivo, alimentício, construção civil e farmacêutico. Essa expansão fortaleceu o mercado de trabalho, aumentou a arrecadação fiscal e melhorou a competitividade internacional, colocando o Brasil entre as seis economias que mais cresceram no G20 nos últimos três anos, com uma média de 3% ao ano.

No entanto, o otimismo foi reduzido no segundo semestre de 2024. A inflação permaneceu controlada, mas a escalada do dólar e os sinais de alta na Selic aumentaram as incertezas. Além disso, o déficit fiscal projetado para 2025, estimado em 0,4% do PIB, ultrapassa a banda de tolerância inicial de 0,25%, exigindo um esforço conjunto para evitar impactos negativos mais duradouros.

“A manutenção de juros altos não só encarece o serviço da dívida — cada ponto percentual de acréscimo na Selic adiciona algo em torno de R$ 50 bilhões por ano aos gastos do governo — mas também arrefece os ânimos de quem pretende investir e gerar emprego no país”, alertou a CNI.

A necessidade de um pacto nacional

A proposta da CNI defende um “consenso em torno de metas fiscais e de políticas econômicas estruturantes, garantindo que, enquanto se busca o equilíbrio das contas públicas, haja também estímulos seletivos que assegurem a continuidade dos investimentos”.

Entre os riscos destacados estão o impacto da alta do dólar nos custos de produção, especialmente na indústria de transformação, que depende de insumos e maquinários importados. Por outro lado, a desvalorização cambial pode beneficiar exportadores, mas encarece componentes essenciais, elevando preços ao consumidor e limitando a inovação.

O pacto nacional proposto pela CNI prioriza o diálogo entre o governo e o setor produtivo. A entidade sugere medidas que equilibrem a disciplina fiscal com estímulos ao desenvolvimento, incluindo investimentos em inovação, infraestrutura e educação.

 

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Walter Santos

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