Pesquisa realizada pelo Instituto Escolhas revela que o mercado global de medicamentos fitoterápicos movimentou US$ 216 bilhões em 2023. Esse tipo de medicamento tem como matéria-prima as plantas medicinais, extraindo propriedades de raízes, folhas, flores, caules e sementes.
No Brasil, esse mercado encontra oportunidades para crescer e liderar a produção mundial. Segundo o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, o país é o dono da maior biodiversidade do mundo. O órgão destaca que são mais de 46 mil espécies vegetais conhecidas no Brasil, espalhadas pelos seis biomas terrestres.
Com essa biodiversidade, o território brasileiro tem muito a oferecer para o mercado de fitoterápicos. Esses medicamentos são responsáveis por auxiliar no tratamento de diferentes doenças e melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Ao pesquisar sobre os benefícios dos fitoterápicos, é possível encontrar diferentes estudos que mostram os resultados práticos do uso de medicamentos específicos. Uma busca rápida pela internet com os termos “picnogenol benefícios”, por exemplo, permite acessar conteúdos, incluindo artigos científicos, que mostram as suas propriedades.
O picnogenol é usado para melhorar o aspecto da pele, aumentar sua hidratação e elasticidade, reduzir rugas e linhas de expressão, clarear e reduzir melasma. O medicamento é preparado com o material extraído da casca da planta medicinal Pinus Pinaster, presente no bioma brasileiro.
Oportunidades de expansão do mercado nacional
Ainda de acordo com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, as diferentes zonas climáticas do Brasil favorecem a formação de biomas como Floresta Amazônica, Pantanal, Cerrado e Caatinga. A rica biodiversidade brasileira é fonte de recursos naturais que podem ajudar a manutenção da vida de diferentes formas.
No caso dos fitoterápicos, os benefícios são perceptíveis no tratamento de doenças. Segundo a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o uso de plantas medicinais do bioma brasileiro é antigo, sendo usado de forma frequente pelos povos originários e tradicionais para tratar enfermidades e para sobreviver.
A biodiversidade brasileira pode ser um campo de oportunidades para o mercado fitoterápico, e muitos especialistas já enxergam essa possibilidade. O diretor do Instituto Escolhas, Sérgio Leitão, destaca que, no Brasil, é possível plantar diferentes espécies e essa característica o torna uma possível potência para a produção de medicamentos extraídos de plantas medicinais.
A mesma questão é defendida pelo farmacêutico e professor titular da Universidade Federal do Pará (UFPA), Wagner Barbosa. Em entrevista à imprensa, ele afirma que há um grande potencial no território brasileiro e que o centro acadêmico do país tem, pelo menos, cinco décadas de pesquisa com recursos naturais.
Wagner cita como exemplo os estudos sobre o uso do jaborandi para a produção de colírio para controlar a pressão ocular. A planta é encontrada em abundância na região Nordeste do país.
Regulamentação
Conforme a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os fitoterápicos são medicamentos obtidos por meio de exclusiva utilização de matérias-primas vegetais ativas.
Essa prática foi reconhecida no ano de 1991 pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e, em 1995, a Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde normatizou o registo dos produtos fitoterápicos.
Dessa forma, assim como acontece com as medicações convencionais, os fitoterápicos são regulamentados pela Anvisa e estão sujeitos a testes de controle de qualidade.
Para ser considerado eficaz e se encaixar nesse grupo de medicamentos, os produtos devem apresentar eficácia comprovada, passar por estudos de toxicidade e alcançar um padrão de qualidade.
Os medicamentos fitoterápicos são utilizados para tratar diferentes enfermidades, como gastrite, insônia, contusões, má digestão, tosse, irritação na pele e artrite. A passiflora, por exemplo, é usada para o tratamento de ansiedade em adultos e crianças menores de 12 anos, sendo também uma aliada nos primeiros estágios de depressão.