Por Luciana Leão
Um acidente sempre será uma tragédia. Assim é a realidade. No entanto, o desabamento recente (22/12/2024) da ponte Juscelino Kubitschek, conhecida à época como a Ponte da Amizade, nos remete a tempos idos e de grande importância para a engenharia brasileira.
A obra, que conecta os estados do Tocantins ao Maranhão, é uma via essencial para o escoamento de mercadorias e a circulação de pessoas entre o Norte e o Nordeste do Brasil.
Construída na época pela empresa Sérgio Marques de Souza S/A Engenharia e Comércio, responsável por grandes projetos no país, a ponte é considerada uma das maiores realizações da engenharia nacional.
Com mais de 400 metros de extensão e um recorde, considerado à época com um vão livre de 140 metros, a estrutura foi projetada para suportar tráfego rodoviário intenso, conectando a rodovia BR-010 (Belém-Brasília) a outras estradas regionais.
Essa grandiosidade só foi possível graças ao uso inovador de vigas protendidas, uma técnica que aumenta a resistência do concreto armado, permitindo maior eficiência em obras que demandam grandes vãos, como pontes e viadutos.
A ponte Juscelino Kubitschek simboliza a visão desenvolvimentista da década de 1960, marcando a integração nacional proposta pelo então governo de Juscelino Kubitschek.
Atualmente, segue sendo um elemento fundamental para o transporte e a economia da região. O governo federal já assumiu sua reconstrução, estimada em R$ 150 milhões, com previsão de conclusão em 2025.
Memórias de um tempo desafiador
A revista NORDESTE foi além do noticiário rotineiro e conversou com exclusividade, por telefone, com a viúva do engenheiro-chefe da obra, o senhor Ronaldo H. Cumplido (in memoriam, 2007).
Ingeborg Marion Cumplido, de 94 anos, acompanhou cada momento dos dois anos em que o marido esteve à frente da obra, apesar da distância que os separava. Ela permaneceu no Rio de Janeiro com seus dois filhos pequenos, enquanto Ronaldo liderava a construção na cidade de Estreito, no Tocantins.
Era o ano de 1959. Suas memórias estão registradas em fotos que guarda até hoje: imagens do marido ao lado dos trabalhadores e da grandiosidade do processo de construção.
Vamos conferir a entrevista:
NORDESTE: O seu marido, Ronaldo Cumplido, foi o engenheiro-chefe da construção da Ponte Juscelino Kubitschek. Considerando as limitações tecnológicas da época, como a senhora conseguia, estando no Rio de Janeiro, com seus dois filhos pequenos, se comunicar com ele?
INGEBORG MARION CUMPLIDO: Meu marido, Ronaldo, foi realmente o engenheiro responsável pela ponte Juscelino Kubitschek, na cidade de Estreito. Naquela época, era muito difícil a comunicação. Eu morava no Rio e ele estava lá, em Estreito. Nós só nos comunicávamos através do rádio amador, da firma. Era difícil para mim ficar sozinha com os meninos no Rio. Não havia telefone.
NORDESTE: Durante a inauguração, em 23 de janeiro de 1961, houve um problema de saúde familiar que impediu a presença dele. Como lidou com isso?
INGEBORG MARION CUMPLIDO: Meu filho menor teve um tumor renal e precisou extrair o rim. A operação foi no dia 19 de janeiro de 1961, poucos dias antes da inauguração. Meu marido não conseguiu estar presente porque eu não consegui falar com ele. A cirurgia foi um sucesso, e meu marido só conseguiu vir uma semana depois.
A grandiosidade da engenharia à época
NORDESTE: A senhora se lembra de algum fato curioso que ele tenha comentado sobre a construção da ponte?
INGEBORG MARION CUMPLIDO: Não sou técnica, mas me lembro perfeitamente do orgulho que ele tinha da obra. Ele mencionava o recorde mundial do vão livre de 140 metros.
NORDESTE: O que o seu marido acreditava ser o impacto dessa ponte para a região?
INGEBORG MARION CUMPLIDO: Meu marido se sentiu muito realizado. Ele acreditava que a ponte contribuiu para unir regiões antes muito isoladas e pobres, trazendo progresso e melhores condições de vida.
NORDESTE: Como foi para a família vivenciar um momento tão importante para o desenvolvimento do Brasil?
INGEBORG MARION CUMPLIDO: A comunicação era muito difícil, mas sentíamos que a obra tinha uma importância enorme. Era emocionante saber que meu marido participava de algo tão relevante para a melhoria de vida de tantas pessoas.
NORDESTE: O que sentiu, após tantos anos, ao receber a notícia de que a ponte será reconstruída após o acidente?
INGEBORG MARION CUMPLIDO: Fiquei muito triste, mas espero que a ponte seja reconstruída, preservando a dificuldade e a grandeza de sua história.
Hoje, de acordo com as Normas de Manutenção e Durabilidade, as Estruturas de Concreto Armado e Protendido devem ter Inspeção Técnica e Manutenção Preditivas, e Preventivas mas a acomodação dos Órgãos Públicos se esquecem dessas prerrogativas!
*A ENGENHARIA CIVIL já foi um dos ORGULHOS DO BRASIL e atualmente está totalmente avacalhada por culpa de POLÍTICOS SAFADOS LARÁPIOS que não destinam verbas para as obras prioritárias como a MANUTENÇÃO DE PONTES E ESTRUTURAS Os POLÍTICOS atualmente somente pensam em faturar e desviar recursos financeiros para o próprio bolso ou CUECA* Sds FLU VIAIS Prof Jorge Rios Ex Superintendente de Recursos Hídricos do Estado RJ*