Por Hely Ferreira*
Os historiadores e os antropólogos afirmam que desde o princípio da formação social, a luta pelo poder sempre se fez presente entre os povos, promovendo não rara às vezes verdadeira carnificina em nome da dominação sobre o outro.
Considerado pelos especialistas do Novo Testamento como o Evangelho mais antigo, entre as histórias contadas pelo evangelista Marcos encontra-se a de um homem que tinha uma das mãos ressequida. O milagre realizado por Jesus ao invés de causar satisfação a todos, se tornou um problema, pois a cura se deu em um dia de sábado.
Com efeito, o legalismo adotado pelo farisaísmo, levou aos saduceus e fariseus que historicamente eram opositores, a se unirem para conspirarem contra Jesus, vendo nele uma ameaça aos seus interesses. Quando indagados se era certo curar o homem naquele dia, eles optaram pelo silêncio. Nada espantoso, o silêncio sempre foi a arma dos covardes.
Assim como os líderes religiosos da época de Jesus, nos dias atuais não falta quem se deleite na conspiração aos que são vistos e encarados como uma ameaça ao status quo. A ganância pelo poder é algo tão gritante que facilmente se percebe que muitos já perderam a capacidade de indignar-se com as atrocidades que ocorrem no meio social.
A eterna luta pela dominação
Na verdade, não são poucos os que em nome da permanência no poder, estão dispostos a ovacionarem atitudes que passam ao longe do que se entende por alteridade, estão prontos para romper com amigos, parentes e também com os que professam a mesma fé.
Na luta pela dominação, infelizmente, a história nos tem demonstrado que o poder sobrepuja o espírito fraterno e o mesmo passar a ser evocado apenas ao fim de cada ano, mas basta encerrar as festividades natalinas, para presenciarmos a ganância fazendo morada no coração do ser humano e principalmente se for ano eleitoral.
*Hely Ferreira é cientista político e colunista da REVISTA NORDESTE. Essa coluna está publicada na nova edição 215 da NORDESTE