A necessidade de se fazer tudo pelo social | Por José Natal

*Por José Natal 

 

 

Os moderninhos que me desculpem, mas ainda sou daqueles que sempre achei o Zico melhor que o Maradona, a Beth Carvalho melhor do que a Anita e jamais trocaria um tutu de feijão com arroz e couve feito em Minas Gerais, por qualquer outro prato da cozinha francesa ou outra qualquer.

 

Também acho que uma caprichada carta de amor conquista mais do que qualquer email escrito sem erros de português, ou aqueles emojis ridículos, com flores mal desenhadas e nem sempre sinceros. Tudo muito rapidinho, como quem vai ali. E tudo rapidinho não tem efeito duradouro, já dizia um poeta que esqueci o nome.

 

 

O mundo caminha para que no futuro até fazer amor vai ser via inteligência artificial, mas pensando do que agindo. Por telepatia a Rita Lee até que sensualizou, mas quem é do ramo, tipo raiz, sabe que na teoria a prática é diferente. Saudosismo à parte, vamos ao que interessa.

 

 

A demora no atendimento às questões da população, as filas intermináveis, o tempo infinito que os processos levam para uma resposta, identificam o que foi, é e ainda sinalizam que será ainda por muito tempo a questionada forma de agir do Instituto Nacional de Seguro Social, INSS, para os íntimos. Criado pelo Decreto 99.350, em 27 de junho de 1990 pelo Ministério da Previdência Social, o Instituto, embora com a melhor das intenções, 27 anos após o nascimento, parece ter adquirido ao longo do tempo mais problemas do que soluções.

 

 

Nasceu de parto normal durante o Governo do Presidente José Sarney. Bom lembrar que o atual instituto substituiu o antigo INPS – Instituto Nacional da Previdência Social – , criado em novembro de 1966 pelo Decreto Lei 72. Se antiguidade é peso, mais um motivo para que essa instituição há muito que já deveria ter sua atuação pelo menos mais eficiente e satisfatória.

 

Seria injusto, e até desonesto, culpar e despejar todas as críticas ao atual sistema, que nunca conseguiu se livrar da política obsoleta e pouca equilibrada de gestões passadas. Ao que parece, a estatística atesta um fundo de verdade. Nenhum Governo se dedicou como deveria às ações passadas do Instituto, que sempre foi alvo de críticas de todos os segmentos da sociedade.

 

 

Hoje, infelizmente, o que se vê é um INSS abarrotado de processos de toda ordem, pedidos de aposentadorias, auxílio doença, auxílio desemprego e outros auxílios, despejados num balaio de cobranças, que muitas vezes leva o segurado a descrença, ao desanimo e não raro, a desistência de conseguir o que procura. Aqui,um paradoxo estranho, e curioso.

 

 

A modernidade chegou, a tecnologia avançou e as cabeças pensantes da política social dos governos passados e atual, até hoje não conseguiram solucionar de vez problemas antigos, com cara de modernos. Sites avançados, robusto de opções, aplicativos de fácil acesso e outras soluções foram implantados, dando ao sistema um toque de classe e sofisticação quase de primeiro mundo.

 

Parece que tudo mudou. Só que não. Talvez tenham esquecido que máquinas modernas nas mãos erradas levam ao resultado zero, ou quase isso. A maior parcela da comunidade que mais precisa do INSS é formada por pessoas quase sempre carentes de conhecimentos digitais, e em muitos casos, sem meios para acompanhar a lógica e necessária eficiência de operação.

 

 

A previdência social merece um investimento maior e uma redobrada atenção no atendimento ao segurado. Criticar as ações do INSS tornou-se quase que um
hábito natural. Alguns porque sentem na pele a dificuldade para serem atendidos, outros por que estão cansados de assistir ano após ano uma sequência de explicações que resultam em nada, esboçando uma espécie de círculo vicioso de atendimento por parte da instituição pública.

 

Não raro, servidores mais antigos do instituto, em diferentes circunstâncias, lamentam que até hoje isso aconteça. Difícil imaginar que haja má vontade, desinteresse e ou relaxamento na atuação dos profissionais que cuidam desse setor. O que há, ou pelo menos é o que parece, é um descompasso entre a demanda e a real capacidade de melhor atender o usuário.

 

O sistema se modernizou, mas o fato é que por mais que exista empenho e dedicação a causa, as filas enormes, a demora no atendimento de segurados e uma cansativa burocracia para resolver problemas simples ainda existentes acumula fatos negativos contra a entidade. Isso é fato, ninguém pode negar.

 

 

*José Natal é jornalista

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