Por Luciana Leão
A História do Cooperativismo em Pernambuco em seus quase 130 anos de vida (1895-2024) é a temática do livro a ser lançado nesta quinta-feira (5), pelo Sistema OCB/PE, por meio de uma pesquisa realizada pelo Sescoop/PE sob a organização do professor Emanuel Sampaio da Fundação Apolônio Salles de Desenvolvimento Educacional – FADURPE.
A secular história do Cooperativismo no estado é documentada em sete capítulos, com 19 entrevistados, personalidades que contribuíram para a construção do sistema, ao longo dos anos, desde a fundação da primeira cooperativa, em Camaragibe, em 1895, sob a gestão do então engenheiro Carlos Alberto de Menezes, patrono do cooperativismo pernambucano.
Em entrevista ao site da revista NORDESTE, o professor Emanuel Sampaio revela que a experiência foi “extraordinária”, ao reunir durante nove meses de trabalho fatos curiosos e inéditos da história secular.
“O trabalho iniciou no primeiro semestre deste ano e foi dividido em etapas. Quase 9 meses de trabalho intenso. A pesquisa junto aos acervos disponíveis tem o objetivo de resgatar a história centenária e nos permitiu muitas descobertas. Tivemos excelentes supresas”, conta o organizador.
Cooperativismo está no DNA de Pernambuco
Ao longo do estudo, há de se identificar, segundo o professor, que a proposta do cooperativismo alcança todos os setores de atividades econômicas do estado. “Ressalto aqui a importância documental dos jornais de Pernambuco, à época, que contribuíram muito para a difusão das ideias e propostas”.
Sampaio registra a experiência da Cooperativa de Consumo, fundada pelo engenheiro Carlos Alberto de Menezes, em Camaragibe, sede da então Companhia Industrial de Pernambuco, que tinha fábrica de tecido (antiga Brasperola, onde fica o atual shopping da cidade). “As ideias e as propostas do Carlos Alberto inspiraram diversas outras iniciativas. Diria que parte das instituições e iniciativas de Pernambuco tem o DNA do Cooperativismo”, pontua.
No livro, além do pioneirismo da fábrica de tecidos em Camaragibe, documenta a história da Cooperativa dos Funcionários Públicos, uma iniciativa que teve origem na década de 1920 e resultou na formação do atual IPSEP. Assim como, a Cooperativa de Laticínios de Pernambuco nasceu a Companhia Higienizadora de Leite de Pernambuco, sendo responsável pela pasteurização do leite em Recife na década de 1940 e, mais tarde, em 1940, originou a CILPE.
Na agroindústria, Pernambuco também se destaca com a fundação da Cooperativa dos Usineiros e a Cooperativa dos Bangueseiros, iniciativas também na década de 1940 que possibilitaram mecanismos para financiamento de usinas e também de engenhos bangues.
“Veja que na atualidade temos cooperativas que estão operando quatro usinas em Pernambuco, até então, desativadas. Por isso que afirmo que iniciativas de Pernambuco tem o DNA do Cooperativismo”, reforça o organizador do livro.
Crédito e Finanças
Outro tópico interessante são os Bancos Cooperativos e as Cooperativas de Crédito. No Recife, entre a década de 1940 e 1950, vários Bancos Cooperativos apoiavam o financiamento habitacional, sem ter a função do extinto BNH ou BNCC.
Emanuel Sampaio elenca exemplos nas cidades de Vitória de Santo Antão e Palmares, onde os Bancos Cooperativos eram responsáveis pela movimentação do sistema financeiro local e começaram suas atividades entre 1940 e 1950 até a década de 1970.
Eram chamados de Cooperativa Banco de Crédito Agrícola de Palmares, mais conhecido como Banco dos Palmares. “Também registramos a Cooperativa Auxiliar Banco do Povo, em Jaboatão, em 1955, além da Cooperativa Banco Financiador e Sociedade Cooperativa Banco Popular de Vitória, ambos em Vitória de Santo Antão na década de 1940”, ressalta Sampaio.
Na atualidade, as Cooperativas de Créditos como os Sicredi e os Sicoob são responsáveis por grande parte do crédito e fomento de atividades na Agropecuária, nos Micros, Pequenos e Médios Negócios, em todo o Brasil , do interior às capitais.
Infraestrutura, Educação e Cultura
Em um dos capítulos, a importância das cooperativas de Infraestrutura, como exemplo, as Cooperativas de Melhoramento contribuíram para a eletrificação urbana – como em Caruaru, no Agreste pernambucano- ou rurais.
Na Educação e Cultura, as cooperativas escolares sedimentaram raízes e uma das experiências relatadas no livro é no Ginásio Pernambucano.
“As Cooperativas Escolares possibilitaram acesso a material escolar aos alunos. E até de escritores e intelectuais, a exemplo da Cooperativa Editora e de Cultura de Pernambuco, fundada na década de 1940, voltada a oferecer espaço para produção intelectual e cultural de Pernambuco a base da atual CEPE”, lembra o professor.
Equipe e relatos
Para a formatação do livro, uma equipe de 10 pessoas entrevistou 19 personalidades que estão na fundação das principais cooperativas existentes em Pernambuco.
Entre as quais, Maria de Lourdes, da Unimed, Floriano Quintas, atual Sicredi; Jurandir Araújo no segmento de Cooperativas de Eletrificação, além de personagens que ajudaram a fundar e consolidar a estrutura do Cooperativismo, antiga OCEPE e atual Sistema OCB, como Arinaldo Crispim, que iniciou no Departamento de Apoio ao Cooperativismo do Governo do Estado na década de 1960 e Malaquias Ancelmo, atual presidente do sistema OCB, tendo iniciado suas atividades na década de 1970 em trabalho de apoio às cooperativas através da Assocene e depois OCEPE.
“Na equipe técnica, o professor Almir Menelau, professor Jimmy McIntyre, professora Sandra Coutinho, bem como Vanessa Sueidy do SESCOOP. Um trabalho intenso, construído com muita dedicação e pesquisa”, conclui o organizador.
O relato do bisneto de Carlos Alberto de Menezes, o patrono do cooperativismo em Pernambuco
A NORDESTE também conversou com o executivo de Negócios, Antônio Carlos de Menezes, bisneto do patrono do Cooperativismo pernambucano, Carlos Alberto de Menezes.
Tony Menezes, como é mais conhecido, também foi um dos entrevistados do livro relata o quanto foi importante para sua formação a história de vida pessoal e profissional de seu bisavô, Carlos Alberto de Menezes.
“Quando ele foi convidado para ser presidente da Companhia Industrial Pernambucana, em Camaragibe, meu bisavô usou essa oportunidade como uma chance de colocar em prática o sonho da vida dele, que era montar uma empresa de altíssima qualidade, e nessa empresa fazer um trabalho cristão social, onde ele pudesse colocar em prática os ensinamentos da encíclica Rerum Novarum, de 1891”, detalha.
“Meu bisavô defendia que os empresários deviam cuidar, de uma forma bem simples, dos seus trabalhadores. Ele ajudou a montar a Cooperativa, fez um trabalho cristão social incrível, para dar aos operários da fábrica uma vida digna, limpa, com saúde, com educação, com ensinamento cristão, com trabalho de qualidade, assim, foi um cara muito, muito, muito bacana”, relata o bisneto de Carlos Alberto Menezes.
Menezes, com base em seus ensinamentos cristãos, também foi um dos apoiadores da fundação da Congregação Marista e do Salesiano, no Recife. “Meu bisavô, como engenheiro, gerenciou o projeto de construção da Santa Nossa Senhora da Conceição, no Morro da Conceição, aqui no Recife. Ele tinha um profundo sentimento cristão”.
Serviço:
Lançamento do livro : Cooperativismo (1895-2024):uma história sobre o segmento em Pernambuco
Local: Hotel Atlante Plaza, praia de Boa Viagem, Recife (PE)
Horário: 19h30
Realização: Sistema OCB/PE
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