A insegurança pública de cada dia I Por José Natal

Por José Natal*

 

 

Todo dia ele faz tudo sempre igual. Levanta às seis horas da manhã, se veste e se apronta e, como todos nós, segue rumo ao trabalho na busca do pão nosso de cada dia. Sim, essa é a rotina de todo policial, que como eu você deve seguir cumprindo tarefas e deveres que o cotidiano nos exige, nos cobra.

 

Para todos os casos deve ser assim. Só que não. Tem policial que ou se enganou de profissão, não a pratica como deveria ser ou quem sabe a imagina como faz o Governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas, que não está nem aí pra gentilezas ou pancadarias. Está bom como está.
É bom que se diga que nem todo policial pensa assim, para a nossa sorte e sobrevivência.

 

O fato é que a violência, a falta de tato, de disciplina e educação afetam a grande parte da polícia brasileira e isso já merece um olhar mais cauteloso para quem pode e tem autoridade para fazer isso.

 

Que os policiais não subestimem a inteligência da comunidade. Ninguém está pedindo, e nem vai pedir, que a polícia militar ou civil saia por aí com buquê de flores nas mãos, distribuindo beijinhos pra todo mundo.

 

 

Não se trata disso. O que se pede é muito simples, e fácil de fazer. Basta exercer a profissão seguindo os protocolos que ela exige, respeitando regulamentos e, principalmente, entendendo a importância que ela tem perante ao cidadão. Não faz sentido o cidadão sentir medo da polícia. Ao contrário, deveria se aproximar dela sem receios, sem medo de agressão verbal ou física. O que acontece hoje em todo o País resvala no absurdo, no imponderável.

 

Nenhum cidadão de juízo normal aceita, admite ou concorda com as atitudes de marginais, bandidos e qualquer outro tipo de elemento fora da lei. Outra coisa é sair a campo se utilizando da força física, o poder das armas e da farda, para ferir ou matar pessoas, mesmo aquelas que nunca terão condições de um convívio saudável junto à população.

 

Para esses elementos existem a prisão, o julgamento e a punição justa e merecida, e sempre com rigor. Aqui vale o refrão da música de Geraldo Vandré e Théo de Barros, na voz de Jair Rodrigues, que diz “gado a gente marca, tange, engorda e mata”. Mas com gente é diferente”. Muito diferente. Não pode ser rotina na mídia da TV, rádio e jornal ter que abordar quase que diariamente denúncias, queixas e fatos comprovados da violência policial.

 

O policial, caso ele não saiba, ele é sim um elemento especial junto a comunidade, e por isso tem o dever de agir como tal. Para que alcance essa condição, esse profissional tem por obrigação ter uma condição física diferenciada, equilíbrio emocional, controle de seus atos e, acima de tudo, entender que ele age sempre sob a proteção da lei. Desde que ele a siga. Os exemplos dos últimos dias, gerados pelas polícias do Rio, São Paulo e também aqui de Brasília afastam as pessoas de bem de qualquer outra que se utilize de qualquer tipo de farda.

 

O que credencia o policial a agir com liberdade e garantias da lei caminha para que isso o afaste ainda mais da comunidade. Por sua vez, cabe aos superiores responsáveis pelos quartéis e delegacias, esboçar um sistema de punição proporcional ao tamanho de cada ocorrência registrada.

 

A eterna explicação de que o policial violento ficará exercendo atividades internas, até que se apure a denúncia, é quase um prêmio ao infrator que geralmente acha motivos que o livre de um castigo maior. Sempre há, e haverá, um privilegiado espírito de corpo que geralmente o livra de punição.

 

Quase secular, a Polícia Militar, corporação de que o país tem orgulho, não pode abrigar em suas fileiras, pessoas que não estão entendendo o papel que devem desempenhar, regulamentos que devem seguir. De nada adianta adquirir equipamentos de última geração, se abastecer de conhecimentos, táticas e outros recursos que a credenciam a melhor servir a comunidade, deixando lacunas de eficiência no lado humano da questão.

 

Sem o elemento humano capacitado, toda tecnologia se torna obsoleta. Há urgência para que medidas de melhor comportamento, civilidade e práticas de melhor conduta e abordagem sejam levadas a sério, para já. Argumentos de que as cidades são grandes, os problemas salariais e as condições de trabalho são precárias já não se justificam mais.

 

Falta orientação, disciplina e acima de tudo, consciência do papel que cada um exerce dentro de uma corporação. Todas as profissões exigem cuidado, sacrifícios e enfrentam eventuais falhas de comportamento. Nenhum cidadão está isento de erros, equívocos, e dificuldades na atividade que exerce. Daí o rigor no treinamento, comportamento, seriedade e pleno conhecimento da missão que cabe a cada um.

 

Quando a violência, a insegurança, a dificuldade de um bom entendimento passam a ser maiores do que se exige de uma entidade, alguma coisa está errada. Nesse caso, a comunidade, temerosa, não tem culpa de nada. Está sendo vítima.

 

 

*José Natal é jornalista

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Redacao RNE

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