Por Luciana Leão
A abertura oficial do mercado chinês para a importação de uvas frescas brasileiras incluída entre os 37 acordos bilaterais assinados na quarta-feira (20) entre o presidente da China, Xi Jinping, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva representa uma conquista estratégica para o setor de fruticultura brasileiro, após anos de negociações e conjuntos de esforços entre autoridades brasileiras e chinesas.
A Revista Nordeste conversou com o presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Guilherme Coelho, que celebrou a conquista histórica para o setor fruticultor do país e, em especial, aos produtores do Vale do São Francisco, em Pernambuco e na Bahia.
NORDESTE – Enquanto presidente da Abrafrutas, como se deu o processo de inclusão de algumas frutas no acordo assinado entre o Brasil e a China? Houve participação das entidades e produtores?
GUILHERME COELHO – A abertura do mercado chinês para as uvas brasileiras é resultado de um longo processo de cooperação técnica e diálogo bilateral. No início de 2024, uma delegação de inspetores chineses visitou diversas fazendas produtoras no Brasil para avaliar os processos de investigação, colheita e embalagem.
Durante a inspeção, os representantes chineses puderam conhecer a adoção de práticas sustentáveis e o controle rigorosamente fitossanitário das propriedades brasileiras, o que foi decisivo para a aprovação do protocolo de exportação.
Em junho de 2024, durante Reunião do Comitê de Coordenação e Cooperação Bilateral China-Brasil (COSBAN), anunciamos com o apoio do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, as negociações relacionadas aos acordos fitossanitários que foram concluídas. Na ocasião, destacou-se que o início das exportações dependia apenas do anúncio oficial, realizado agora com a visita oficial do presidente da China, marcando este momento histórico para a fruticultura brasileira.
NORDESTE – A China já era um parceiro comercial importante para o setor?
GUILHERME COELHO – Sempre foi um mercado de nosso interesse. A uva é a segunda fruta a ter o mercado aberto para a China. Já há interesse por parte deles de importar outras frutas como o avocado e o limão também. O avocado, inclusive, já está em processo de tratativas.
NORDESTE – Qual é o volume de exportação de uvas brasileiras para outros países?
GUILHERME COELHO – Em 2023, o Brasil exportou mais de 73 mil toneladas de uva para outros países. E, nesse mesmo período, a China, importou cerca de US$ 600 milhões de outros lugares, o que torna o mercado altamente promissor para os exportadores brasileiros.
A abertura desse mercado traz boas expectativas de rentabilidade. Além de contribuir diretamente para a economia, essa conquista consolida o Brasil como um dos maiores produtores mundiais de frutas de alta qualidade.
NORDESTE – Quais expectativas para o futuro da fruticultura brasileira diante deste acordo bilateral?
GUILHERME COELHO– A entrada das uvas frescas brasileiras no mercado chinês é uma grande conquista para a fruticultura nacional, que abre portas para novos negócios e consolida o Brasil como referência mundial em qualidade e sustentabilidade no setor.
O Brasil, como um dos maiores produtores globais de frutas, tem agora a oportunidade de atender o país asiático com sua produção de uvas frescas, reconhecidas internacionalmente pela qualidade e sabores diferenciados.
Vale lembrar que a China é um dos maiores mercados consumidores do mundo, oferece um enorme potencial para as exportações brasileiras. Com uma população de mais de 1,4 bilhão de pessoas e uma demanda crescente por alimentos de alta qualidade, o país asiático se tornou um dos principais destinos para produtos agrícolas premium.