Por José Natal *
Os números assustam, e preocupam. Nos dias de hoje, conta matematicamente fechada, 51.4 milhões de brasileiros e brasileiras, dependem e se utilizam dos serviços médico-hospitalares do sistema de saúde suplementar. Sem ele a comunidade, com certeza, enfrentaria o caos.
O atendimento, via saúde suplementar, gira em torno de 25% da população brasileira, o que significa, na prática, um alívio considerável para o Sistema Único de Saúde, o SUS. Esse fato, salvador diga-se de passagem, vive e convive com um paradoxo que incomoda e gera angústia ao setor, e a população.
Os constantes enfrentamentos com as questões judiciais, fraudes, burocracia e o total conflito entre o que é público e o que é privado, geram desconforto e muitas vezes problemas insolúveis, que só atrapalham. Esse amontoado de problemas, escorado muitas vezes num cenário de visível falta de interesse e zelo pelo bem público, gera a famigerada falta de segurança jurídica, entrave que estrangula o setor. A preocupação com o problema é grande, a exigência de providências e socorro na busca de soluções começam a ganhar corpo e voz, para o bem da população.
Tendo essa pauta como principal tema, a Associação Brasileira de Planos de Saúde – a ABRAMGE – promove nos dias 21 e 22 deste mês de novembro, em São Paulo, o 28º Congresso da entidade, e promete um longo e esclarecedor debate sobre a questão. O carro chefe do evento está centrado no tema “Protagonismo da Saúde: integração público e privado. O Presidente da entidade, Gustavo Ribeiro, otimista, acredita e defende a tese de que a saúde é uma só, e para que ela se torne constante e efetiva em benefício de todos, a solução é o diálogo. Aposta ele no encaminhamento inteligente e progressivo para superar questões que se arrastam e sinalizam poucas soluções.
O encontro, a julgar pelo cuidado e investimento que os responsáveis estão se dispondo a fazer, abre boas e animadoras possibilidades para que esse transtorno seja contornado, para o bem de todos. É sabido que a ABRAMGE, entidade sem fins lucrativos, que representa as empresas privadas e de assistência à saúde no País, acompanha e busca achar um melhor caminho que encerre de vez essa polêmica, que se arrasta há anos.
Uma das providências que talvez domine os debates no Congresso, aponta para a criação de uma agência única, que tenha como objetivo maior, uniformizar a incorporação de novos tratamentos na rede pública e privada.
Essa medida seria criteriosamente observada pelo ATS – Avaliação de Tecnologia em Saúde, que daria retoques finais. O Congresso, já se sabe, terá um upgrade de qualidade quanto a seus convidados e participantes.
Thereza May, Primeira Ministra do Reino Inglês de 2016 a 2019, confirma participação no evento, e trará com ela informações que poderão enriquecer o debate. A primeira Ministra, como se sabe teve participação valiosa na transformação do Sistema Nacional de Saúde (NHS) britânico, que para muitos países é considerado um exemplo de sucesso. A mídia internacional avalia o sistema de saúde inglês como um dos melhores do mundo.
Na verdade, há uma expectativa com sinais positivos, para que o Congresso ajude de fato, e com eficiência, a superar e indicar soluções que beneficiem o setor. E, acima de tudo, a comunidade.
*José Natal é jornalista