ANÁLISE: Kassab não se candidatou a nada. E ganhou tudo | Por José Natal

Por José Natal*

 

O PSDB trabalha com afinco e dedicação para ser extinto, deixar de existir. Ou mudar de sigla, ou de pessoas, ou de lideranças, sabe-se lá o que. Pode ser que nada disso seja verdade, mas que parece, isso parece. Nunca se viu um partido com tamanha musculatura, tanta história e tantos nomes de peso e credibilidade, aceitar com tamanha timidez seu passado e história descer ladeira abaixo sem um gesto sequer que sinalize reação, recuperação ou coisa parecida.

 

Amigos e colegas de Fernando Henrique Cardoso, Tasso Jereissati, José Serra, Aécio Neves, Pimenta da Veiga, Yeda Crusius, Jutahy Magalhães e tantos outros, devem estar preocupados, ou no mínimo, curiosos sobre quais as providências que o partido fará para voltar a ter o peso político que sempre teve. A eleição municipal deste ano de 2024, recém terminada, deu aos tucanos a vice-lanterna de um campeonato, cuja disputa por votos equivale a conquista de gols que podem levar a uma vitória.

 

 

Na tabela da competição chegou em oitavo lugar, e nessa disputa não tem repescagem.

 

 

Analogia com o futebol à parte, o fato é que o partido que antes competia com o MDB e o PT nas disputas majoritárias, hoje se contenta e dá graças a Deus por ter conseguido vencer em 276 municípios. Nenhuma vitória em uma Capital, coisa que não se coloca em nenhum curriculum. Quem milita no mundo político, ou dele participa de alguma forma, sabe muito bem a importância das eleições municipais na disputa por cargos majoritários.

 

 

Para Governador e Presidente da República para ser exato. O voto começa no município, pega a estrada e alcança objetivos que os partidos sonham em conseguir. Os tucanos, tratamento carinhoso que as comunidades deram aos filiados do PSDB, não estão respondendo a carinho tão explícito. E isso é fato, e contra eles não há argumentos.

 

 

Em 2008 o partido elegeu 4 prefeitos nas capitais, repetindo a dose em 2012. Em 2016 deu um salto de competência, e colocou nas capitais 7 prefeitos. Em 2020 elegeu 4, e agora em 2024 o mundo caiu. Nenhuma capital escolheu um tucano para chamar de seu. A eleição ainda registrou vitórias do MDB em 864 cidades, o PP em 752, União 592 e o PL, o partido do capitão conseguiu eleger em 517 cidades.

 

O recordista de votos, pregando a harmonia e a paz na política foi o PSD, sendo 5 nas capitais, mesmo número do MDB. O partido, sob o comando de Gilberto Kassab, com jeitinho e quase em silêncio, “invadiu” os municípios e disse às pessoas que a política está mudando, e esse negócio de ficar fazendo campanhas com a cartucheira na cintura não dá muito certo, não dá voto.

 

A esperada vitória acachapante anunciada pelo PL, pendurada nas gritarias de Bolsonaro, deu chabu, e o capitão, por onde passou, mais atrapalhou do que ajudou. Em São Paulo, por exemplo, levou uma baita bola nas costas e viu o Governador Tarcísio fazer o gol e cair nos braços da galera. E o sonho de subir a rampa do Planalto não sai de sua cabeça.

 

O PT, com dificuldade de botar picanha na mesa do pobre, também amarga uma enxurrada de derrotas e uma vez mais tem que admitir que, sem Lula, seu nome é ninguém. O presidente evitou acender velas. No resumo de tudo, uma vez mais a eleição mostrou que é um saudável termômetro que regula a temperatura do País.

 

A cada ano um aprendizado e uma lição. Com propriedade, no auge de sua sabedoria, um eleitor assíduo sentenciou; vejam só, Kassab, não se candidatou a nada, e ganhou tudo. Na mosca.

 

 

*José Natal  é  jornalista

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Redacao RNE

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