Uma miniusina móvel de beneficiamento de algodão vai ampliar a produção de algodão orgânico de cerca de 50 famílias, que integram a Associação de Moradores da Comunidade Lagoa do Juá, na zona rural de São Francisco de Assis do Piauí, no Território de Desenvolvimento Vale do Canindé.
O equipamento foi adquirido com recursos próprios da Secretaria de Agricultura Familiar (SAF), no valor de R$ 150 mil. “Esse equipamento, uma miniusina móvel de beneficiamento do algodão, vai auxiliar os produtores de algodão orgânico cultivado em consórcio agroalimentar tanto aqui da comunidade Lagoa do Juá como de toda a região. Isso vai possibilitar que as famílias beneficiem o algodão produzido aqui na própria comunidade”, disse o superintendente de Ações de Apoio à Agricultura Familiar da SAF, Clébio Coutinho.
Para a presidente da Associação de Produtores da Comunidade Lagoa do Juá, Luiza Josefa, a chegada do equipamento vai ajudar levar o algodão colhido para ser beneficiado em Paulistana. “A gente plantava e colhia o algodão e levava para Paulistana, para ser beneficiado lá. Aí surgiu a ideia de solicitarmos um projeto para nós conseguirmos ter essa miniusina para estar beneficiando o algodão aqui na comunidade. A luta foi grande, mas conseguimos, e a gente espera que as coisas melhorem ainda mais no processamento do algodão”, disse a produtora.
Como funciona
A miniusina móvel permite obter o produto em pluma organizado em fardos, a partir do algodão em rama. O equipamento tira o caroço do algodão e o separa, para ser utilizado ou no plantio da safra seguinte ou para ração animal.
O algodão que agora vai ser processado na miniusina tem alto valor agregado por ter certificação orgânica. Produtores de São Raimundo Nonato, Canto do Buriti, São Francisco de Assis do Piauí e Paulistana possuem a certificação feita pela Associação dos Produtores Agroecológicos do Semiárido (Apaspi).
Com certificação direto para a França
Para ter a certificação orgânica, o produtor precisa atender a alguns critérios, como não realizar queimadas na propriedade, colocar algum tipo de agrotóxico, e tem que ser consorciado de acordo com os critérios da Apaspi.
O agricultor Deusimar Gomes conta que a certificação de orgânico vem a partir de comissões que realizam as fiscalizações in loco.
“A certificação é feita pelo modo participativo. O nosso grupo é composto por duas comissões, assim como os demais. Comissão de ética e comissão de avaliação. Elas são responsáveis por fazer as visitas. A de ética faz a visita do seu próprio grupo, dos próprios produtores. E a comissão de avaliação vem de um outro grupo para saber e verificar o trabalho da comissão de ética. Então isso é o processo da certificação”, explicou o produtor.
Atualmente existem duas usinas de beneficiamento de algodão, em Paulistana, para onde era levado o algodão produzido em São Francisco de Assis, e São Raimundo Nonato.
Em 2024, foram produzidas nove toneladas de algodão orgânico. O produto é exportado integralmente para a fábrica francesa Vert, que produz tênis a partir de materiais orgânicos e agroecológicos.
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A produção do Algodão Orgânico que na Paraíba poderia ser o Algodão Colorido se adequa muito bem a irrigação com o emprego da água de reuso.
A água de reuso é produzida a partir do efluente que sai da Estação de Tratamento de Esgotos que, após passar por um pós-tratamento de refinamento com vistas a adequação às Normas Internacionais de Reuso, pode ser empregada na atividade agrícola como na produção do algodão.
Isto vem sendo feito nos países desenvolvidos e, principalmente em Israel.