Relatório “Estado da Finança para a Natureza em Cidades” apresentado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) durante a 16ª. Conferência da ONU sobre Biodiversidade, COP16, em Cáli, na Colômbia, alerta para as grandes lacunas de financiamento ambiental no mundo .
A iniciativa quer incentivar investimentos em soluções baseadas na natureza e que possam levar a ações climáticas de mitigação. Para o Pnuma, as cidades podem melhorar sua resiliência à mudança climática, restaurar habitats e reduzir a poluição com soluções baseadas na natureza urbana.
Mas, para isso, é preciso preencher as lacunas de financiamento na área com um rastreio eficiente. A nova estrutura, lançada pelo Pnuma, quer melhorar a quantidade de dados sobre o tema disponíveis para autoridades, legisladores e os moradores das cidades.
Atividades nocivas recebem US$ 7 trilhões
Para aumentar as soluções baseadas em natureza, as cidades precisam de investimentos num momento em que muitas sofrem com a falta de verbas e mecanismos para melhorar sua coleta de dados.
O relatório foi publicado em parceria com a Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, e deriva de uma série de levantamentos do Pnuma conhecida como Finança para a Natureza.
Atualmente atividades consideradas nocivas à natureza recebem US$ 7 trilhões enquanto apenas US$ 200 bilhões são investidos em soluções baseadas na natureza. E ainda assim, as cidades não recebem o suficiente para executar políticas de proteção ambiental.
Ação climática nas cidades
As áreas urbanas abrigam mais da metade da população mundial e geram 80% do Produto Interno Bruto, PIB, global. Elas também são responsáveis por 79% de todas as emissões de dióxido de carbono e 75% do uso dos recursos mundialmente. Por isso, especialistas acreditam que a batalha por ação climática tem de ser travada também pelos centros urbanos.
Na avalição dos especialistas envolvidos no estudo, para aumentar os investimentos as alternativas seriam de integrar as soluções nos sistemas financeiros municipais. Uma vez provado o valor dessas ações, fica mais fácil convencer governos, investidores e comunidades a mobilizar mais recursos.
Papel transformador contra desafios
O relatório também se baseia na Estrutura de Biodiversidade Global de Kunming-Montreal que mostra como as soluções de natureza urbana são estratégias vitais que oferecem os benefícios triplos de aumentar a biodiversidade, construir resiliência climática e proteger o bem-estar dos habitantes.
A co-diretora do Instituto Penn para Pesquisa Urbana, Eugenie Birch, lembra que com o mundo reunido em Cáli para a COP16, o relatório abre o caminho para as cidades terem um papel transformador na forma como respondem aos desafios ambientais desta era.