Reuters – O McDonald’s buscava nesta quarta-feira (23) conter os danos do surto da bactéria E. coli nos Estados Unidos ligado ao sanduíche “Quarter Pounder” (similar ao “Quarterão”, no Brasil) que matou uma pessoa e deixou outras 49 doentes no país.
O surto levou 10 pessoas a serem hospitalizadas por causa de complicações graves, informou o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), que investiga o surto. Um porta-voz do McDonald’s disse que a contaminação está restrita aos EUA. A empresa está retirando o item do menu dos restaurantes em vários Estados norte-americanos.
“Nós esperamos ver mais casos”, disse Tom Skinner, porta-voz do CDC. “O McDonald’s tem agido rapidamente para tomar medidas a fim de, esperançosamente, prevenir o máximo de casos possível.”
Surtos anteriores de E. coli em grandes redes de fastfood dos EUA afastaram os consumidores por meses. O presidente do McDonald’s nos EUA, Joe Erlinger, disse nesta quarta-feira que a rede precisa reconstruir a confiança do público após retirar o item do menu em um quinto de seus 14.000 restaurantes no país.
Crise
A empresa removeu o sanduíche do cardápio das unidades do McDonald’s no Colorado, Kansas, Utah e Wyoming, e em partes de Idaho, Iowa, Missouri, Montana, Nebraska, Nevada, Novo México e Oklahoma.
O CDC e o McDonald’s estão examinando de perto as cebolas cortadas em rodelas e os hambúrgueres de carne bovina da empresa sediada em Chicago, enquanto buscam determinar a causa do surto, disse a companhia.
As ações do McDonald’s fecharam em queda de 5,1%, a 298,57 dólares cada, após porta-vozes acrescentarem que ainda não descartam a possibilidade da carne fazer parte do surto. Os papéis da companhia tocaram uma mínima intradia de 290,88 dólares.
Sobre a bactéria e outros surtos
A cepa da bactéria E. coli O157:H7 que levou ao surto no McDonald’s é a mesma ligada a um incidente ocorrido em 1933 na rede de fastfood norte-americana Jack in the Box, que matou quatro crianças.
Ela pode causar doenças graves, especialmente em idosos, crianças e pessoas imunocomprometidas, disse Shari Shea, diretora de segurança alimentar da Association of Public Health Laboratories.
Os fornecedores do McDonald’s testam seus produtos com frequência e fizeram os testes no intervalo de datas fornecido pelo CDC em conexão ao surto, e nenhum deles identificou essa cepa de E. coli, disseram porta-vozes da empresa.
O advogado de segurança alimentar dos EUA Bill Marler, que representou uma vítima no caso da rede Jack in the Box, disse que o caso do McDonald’s é relativamente grande e sério, e que a empresa enfrentará “muita” responsabilidade pela contaminação.
“Ainda estamos nos estágios iniciais de como o McDonald’s vai lidar com isso”, disse ele. “Mas remover o fornecedor das cebolas — se eles estiverem confiantes de que essa é a fonte da contaminação — será muito importante.”
Consequências para “imagem”
No passado, dois importantes surtos de E. coli – na rede de fastfood Chipotle Mexican Grill em 2015 e na Jack in the Box em 1993 – prejudicaram significativamente as vendas das empresas.
A Chipotle levou um ano e meio para se estabilizar, enquanto as vendas da Jack in the Box caíram por quatro trimestres consecutivos, disse Brian Vaccaro, analista da Raymond James.
Os analistas disseram que as vendas do McDonald’s no quarto trimestre podem sofrer alguma pressão devido à contaminação, mas é muito cedo para dizer se será pior do que os dois casos anteriores de E. Coli.
*Foto: REUTERS/Andrew Kelly/Arquivo