Marcondes Brito:‘Vaquinha’ da Gaviões pode ser imitada por São Paulo e Vasco

A entrada dos clubes no mercado de capitais, com o apoio das torcidas comprando cotas, é uma ideia inovadora e carrega tanto oportunidades quanto desafios, é o que diz o renomado articulista de esportes, Marcondes Brito, ao acompanhar detalhes das negociações.

 

Por Marcondes Brito (Jornal de Brasília)

 

Ainda repercute desde a última sexta-feira (18) a decisão do Corinthians de formalizar junto à Caixa Econômica o Protocolo de Intenções que  prevê uma arrecadação R$ 700 milhões, por meio de crowdfunding, para quitar a dívida da Neo Química Arena.

Participaram da reunião de Augusto Melo e Alexandre Domênico Pereira, respectivamente presidentes do Corinthians e da ‘Gaviões da Fiel’, além de Alexandre Padilha, ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais do Governo Federal.

NOVA VISÃO

O presidente da Caixa, Carlos Vieira, disse ao Jornal de Brasília que essa iniciativa “pode construir uma visão do novo momento que poderá surgir para os clubes: maior governança, mais transparência nas gestões, maior engajamento das torcidas -agora como investidores dos clubes”, ressaltou.

O acordo prevê que o Corinthians crie mecanismos para oferecer benefícios aos torcedores que contribuírem com depósitos.

Segundo Brito, recorde-se que o presidente da Caixa, em dezembro passado, falou à coluna Futebol Etc sobre essa possibilidade de o Corinthians amortizar a sua dívida. Sabe-se agora que outros clubes podem seguir o mesmo exemplo. O São Paulo já está se movimentando nessa direção, e o também Vasco iniciou entendimentos com o banco BTG em busca de soluções idênticas. Isso, certamente, vai trazer mais governança e oportunidades para os clubes junto ao mercado de capitais.

Para entender melhor essa operação

A entrada de clubes brasileiros no mercado de capitais, com o apoio das torcidas comprando cotas, é uma ideia inovadora e carrega tanto oportunidades quanto desafios.

OPORTUNIDADES

    1. Maior Capitalização: A captação de recursos por meio da venda de ações ou cotas pode permitir que os clubes invistam em infraestrutura, formação de jogadores e melhorias operacionais.

    2. Engajamento dos Torcedores: Ao comprar cotas, os torcedores podem se sentir mais próximos dos clubes, não apenas como fãs, mas também como “sócios-investidores”. Isso pode aumentar o engajamento e a fidelidade.

    3. Transparência e Governança: Clubes que entram no mercado de capitais precisariam adotar práticas mais rígidas de governança, o que pode resultar em maior transparência nas suas operações, beneficiando a gestão do futebol.

    4. Valorização a Longo Prazo: Com um gerenciamento eficiente, as ações ou cotas dos clubes podem valorizar no longo prazo, oferecendo retorno financeiro aos investidores, inclusive torcedores.

DESAFIOS

    1. Sustentabilidade Financeira: Clubes de futebol costumam ter receitas instáveis, que dependem de vários fatores, como desempenho esportivo e contratos de transmissão. Isso pode representar um risco para os investidores, especialmente torcedores que não estão familiarizados com as dinâmicas do mercado financeiro.

    2. Riscos Esportivos: A performance em campo influencia diretamente o valor das ações. Em caso de má fase ou rebaixamento, o preço das cotas pode cair, gerando prejuízos aos torcedores investidores.

    3. Pressão por Resultados: A entrada de clubes no mercado de capitais pode aumentar a pressão para que os times busquem resultados rápidos, o que poderia comprometer projetos de longo prazo, como a formação de talentos ou desenvolvimento de categorias de base.

    4. Conflito de Interesses: O aumento da influência de investidores externos ou mesmo de grandes grupos financeiros pode entrar em conflito com os interesses esportivos e emocionais dos torcedores.

No geral, é uma estratégia promissora, mas que exige planejamento e estruturação cuidadosa, para evitar que a paixão dos torcedores seja explorada de forma inadequada e que os clubes fiquem vulneráveis às oscilações do mercado.

 

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Redacao RNE

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