Estadão- O Irã iniciou o ataque com mísseis balísticos contra Israel na tarde desta terça-feira, 1, segundo informações das Forças de Defesa de Israel (FDI). Os israelenses ouviram sirenes em diversas partes do país, incluindo Tel-Aviv e Jerusalém, as duas principais cidades de Israel.
Explosões estrondosas foram ouvidas nos céus acima de Tel Aviv, e flashes de luz do sistema de defesa Domo de Ferro eram visíveis, segundo o jornal americano The New York Times. Segundo o Exército israelense,mais de 200 mísseis balísticos foram lançados no ataque iraniano.
As Forças de Defesa de Israel (FDI) destacaram que as explosões ouvidas em todo o país são interceptações ou impactos dos mísseis iranianos. Segundo os serviços de emergência de Israel, duas pessoas ficaram feridas ao serem atingidas por estilhaços de mísseis iranianos. De acordo com informações de veículos palestinos na Cisjordânia, um palestino morreu por conta de estilhaços de mísseis que caíram na cidade de Jericó, na Cisjordânia.
Segundo Daniel Hagari, porta-voz do Exército de Israel, a saraivada de mísseis iranianos terminou por enquanto. Os israelenses foram notificados que podem deixar os abrigos. “Durante a defesa, realizamos algumas interceptações. Há alguns impactos no centro e nas áreas do sul do país”, disse Hagari.
Irã se manifesta
A Guarda Revolucionária do Irã afirmou em um comunicado que o Irã lançou mísseis balísticos contra Israel em resposta as mortes de diversos líderes do Hezbollah, incluindo o chefe do grupo, Hassan Nasrallah. Teerã apontou que lançaria novos ataques se o Irã fosse atacado.
O ataque iraniano ocorre em um momento em que as autoridades israelenses aumentaram as restrições de circulação em Jerusalém e Tel-Aviv. O governo israelense pediu que os moradores de Tel-Aviv se protejam nas próximas horas.
Funcionários do Pentágono apontaram que estão acompanhando os ataques iranianos e acreditam que nenhuma base americana no Oriente Médio deve ser atingida pelos mísseis de Teerã. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, instruiu o Exército americano a ajudar na defesa de Israel contra os ataques iranianos e a abater mísseis que têm o território israelense como alvo, segundo a Casa Branca.
Espaço aéreo
Autoridades aeroportuárias de Israel afirmaram que o espaço aéreo do país foi fechado durante os ataques iranianos e os voos foram redirecionados para destinos alternativos fora do território israelense. Segundo oficiais israelenses, o espaço aéreo de Israel foi reaberto.
Jordânia e Iraque também fecharam os seus espaços aéreos durante o ataque iraniano.
Ataque terrorista em Israel
Antes do inicio dos ataques iranianos, a polícia israelense apontou que seis pessoas foram mortas em um ataque a tiros em Tel Aviv e que outras sete ficaram feridas. Os terroristas foram mortos pelos policiais.
O ataque a tiros ocorreu no bairro de Yaffo. Imagens transmitidas pela televisão israelense mostraram dois homens armados em trajes normais e carregando grandes rifles.
Ataque do Irã em Abril
Este é o segundo ataque direto do Irã contra o território israelense. Nodia 13 de abril, oscidadãos de Israel se abrigaram em bunkers por conta de um ataque de Teerã, considerado o maior da história do país.
A magnitude do ataque organizado pelo país persa surpreendeu e o tamanho do arsenal militar iraniano chamou atenção. A ofensiva do Irã contou com 170 drones, 30 mísseis de cruzeiro e 120 mísseis balísticos.
O ataque contraIsrael ocorreu em retaliação a um bombardeio aéreo atribuído a Tel-Aviv que matou sete pessoas, incluindo dois oficiais da Guarda Revolucionária do Irã, no dia 1 abril na embaixada do país em Damasco.
Operação terrestre no Líbano
O Irã atacou o território israelense um dia após Tel-Aviv confirmar que soldados israelenses cruzaram a fronteira com o Líbano com o objetivo de destruir a infraestrutura da milícia xiita radical libanesa Hezbollah.
O Exército disse que um contingente de 10 mil soldados está participando de operações “limitadas” dentro do Líbano. Segundo Tel-Aviv, Israel optou por operações terrestres no país vizinho para que os moradores do norte do país possam voltar para suas casas sem o risco de foguetes do Hezbollah. Cerca de 60 mil pessoas foram deslocadas do norte de Israel por conta da escalada de tensões.
As FDI também pediram o deslocamento de cidadãos libaneses de comunidades próximas da fronteira com Israel por conta do aumento da atividade militar.
Operações secretas no Líbano
Segundo o porta-voz do Exército de Israel, Daniel Hagari, forças israelenses tem conduzido diversas operações no Líbano no último ano.
Mais de 70 operações foram conduzidas em território libanês desde o inicio das hostilidades, no dia 7 de outubro do ano passado, após o ataque terrorista do Hamas no sul de Israel. Segundo uma autoridade israelense que conversou com o jornal americano The Washington Post, mais de 1000 armazéns do Hezbollah foram destruídos.
“Estamos nos concentrando em uma área próxima a nossa fronteira”, disse Hagari. Segundo o porta-voz, o Hezbollah tinha uma infraestrutura robusta nesta região para realizar um ataque similar ao do Hamas.
“Não vamos para Beirute. Não vamos para as cidades do sul do Líbano”, apontou Hagari, abordando implicitamente as preocupações dos líderes internacionais de que a incursão de Israel seria expansiva.
Tensões
As tensões se expandiram no último mês por conta de uma troca de ataques mais intensa entre Israel e o Hezbollah, que tirou o foco da guerra em Gaza. A milícia xiita radical libanesa jurou vingança contra Israel após as explosões de pagers e walkie-talkies de membros do grupo, uma ação atribuída a Tel-Aviv, que deixaram 37 mortos.
O ataque mais forte contra o grupo libanês ocorreu na sexta-feira, 27, com a morte de Hassan Nasrallah após um bombardeio israelense no subúrbio de Beirute.
*Com AP, NYT e W.Post