Luciana Leão
A Iguá Saneamento S. A foi a vencedora do leilão público de concessão parcial de serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário de Sergipe. O valor de oferta foi de R$ 4.536.936,990, representando um ágio de 122,63%. A companhia terá direito a operar os serviços de água e esgoto por 35 anos no estado. São previstos investimentos de mais de R$ 6 bilhões, sendo R$ 4,7 bilhões nos dez primeiros anos, além da geração de 20 mil empregos, sendo 13 mil indiretos e 7 mil diretos.
Outras três empresas concorreram ao leilão: Consórcio Aegea, representada pela corretora Nécton Investimentos, que fez oferta de R$ 3,6 bilhões de outorga (ágio de 78%); o Consórcio Xingó, formado pela BRK Ambiental e pela gestora Perfin, que ofertou R$ 3,2 bilhões de outorga (ágio de 59,5%); e o Fundo Pátria, cuja proposta foi de R$ 2,7 bilhões de outorga (ágio de 32,5%).
“É uma oferta relevante que representa o crescimento e desenvolvimento do Estado de Sergipe. Temos a convicção que iremos transformar a realidade de todo o Estado, com mais saúde, cidadania. Será nossa concessão com maior número de pessoas atendidas”, disse o executivo da Iguá, Roberto Correa Barbuti. Fundada em 2017, a Iguá tem hoje como principais acionistas o Canada Pension Plan Investment Board (CCPIB) e o Alberta Investment Management Corporation (AIMCo).
Benefícios
O presidente agência de Desenvolvimento de Sergipe- Desenvolve-SE, Milton Andrade, enalteceu os benefícios que a concessão trará à população, entre os quais, o tratamento de 90% do esgoto, redução de 57% para 25% as perdas de água na distribuição, além da economia de R$ 270 milhões até 2033 na saúde, ao mitigar doenças transmitidas pelo não tratamento do esgoto. Calcula-se que o incremento no PIB será de R$ 16 bilhões até o ano de 2040.
“Sergipe se abre para o crescimento. Damos adeus ao século XIX e as boas vindas ao século XXI. A concessão dos serviços trará acima de tudo qualidade de vida para os sergipanos”, disse, na sede da B3, em São Paulo.
O governador Fábio Mitidieri reafirmou as palavras de Milton Andrade e acrescentou que o momento representa uma “virada de página para o desenvolvimento do Estado. Fazemos história aqui hoje e agradecemos a todas as empresas que apresentaram propostas e afirmamos que a Iguá terá no governo um grande parceiro. Vamos inaugurar um novo momento em nosso estado. O que estamos fazendo é mais do que fazer história: é dar dignidade ao povo”, reforçou Mitidieri.
No Nordeste, após o leilão de Sergipe, as próximas licitações do setor de água e esgoto deverão ser de concessões nos Estados de Piauí e Pernambuco. O leilão do Piauí foi remarcado para 30 de outubro, por falta de interessados.
Estudo revela benefícios da universalização em Sergipe
Em parceria com a EX Ante Consultoria, o Instituto Trata Brasil lançou o estudo “Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento em Sergipe”, que destaca os diversos ganhos que o estado terá com a universalização do acesso à água potável e aos serviços de coleta e tratamento de esgoto. Um dos principais benefícios para o estado é o fomento à atividade turística, um setor importante para a economia local que depende do acesso completo ao saneamento.
De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), ano-base 2022, cerca de 91,6% da população sergipana recebe o atendimento de água e 39,7% são atendidos com coleta de esgoto em suas residências, enquanto somente 37,7% do esgoto é tratado antes de retornar ao meio ambiente. Além disso, o estado perde 57,6% da água potável nos sistemas de distribuição.
Marco Legal do Saneamento
Se o estado alcançar as metas estabelecidas pelo Novo Marco Legal do Saneamento, isto é, levar o acesso a água para 99% da população e 90% dos habitantes com coleta e esgoto, entre o período de 2023 a 2040, os benefícios econômicos devem superar os custos em R$ 16,18 bilhões, resultando em um balanço social bastante positivo para a região.
Isso implica que, para cada R$ 1,00 investido em saneamento, Sergipe deve obter ganhos sociais de R$ 2,60. Ademais, segundo o Trata Brasil, haverá um movimento crescente de geração de emprego e renda durante a fase de expansão das redes e a estabilização num patamar de 21 mil postos de trabalho na região.
A valorização ambiental, que depende diretamente da despoluição dos rios e córregos e da oferta universal de água tratada —pré-condições para o pleno desenvolvimento das atividades turísticas— resultará em ganhos expressivos para o setor em Sergipe. Entre 2023 e 2040, o valor presente dos ganhos com o turismo deve alcançar R$ 1,164 bilhão, indicando um fluxo médio anual de R$ 64,666 milhões no período.
Bacia do Rio São Francisco
Uma ação imediata para ampliar o potencial de turismo do estado é a despoluição da Bacia do Rio Sergipe, que atualmente compromete a balneabilidade das áreas costeiras no entorno da foz do Rio Sergipe em Aracaju. A despoluição promoverá o desenvolvimento das atividades de lazer nessas áreas, como bares, restaurantes e hotéis, valorizando os negócios existentes e atraindo novos investimentos para a região. O mesmo se aplica às áreas costeiras do estado que recebem águas das outras cinco bacias hidrográficas.
“Em Sergipe, a universalização será essencial para a despoluição da Bacia do Rio Sergipe, essencial para as atividades econômicas, de turismo e o abastecimento hídrico da população. Levar saneamento básico significa oferecer oportunidades dignas da população viver com qualidade e o estado crescer sustentavelmente” – aponta Luana Pretto, Presidente-Executiva do Trata Brasil.