Câmara Setorial de Aquicultura e Pesca é liderada por Cooperativas

Por Luciana Leão

 

A criação da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Aquicultura e Pesca pela Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe), nesta terça-feira (13) representa um estímulo para o setor, principalmente para os produtores e cooperativas legalizadas no Estado, que acreditam que a iniciativa será um fomento ao desenvolvimento aquícola e de pesca no estado, até então, sem grandes incentivos por parte dos setores públicos.

 

 

O setor de Aquicultura, em especial, o cultivo de tilápia, já configurou entre os primeiros no ranking nacional, nos anos 2000 e anteriores. E, mesmo assim, com todas as dificuldades enfrentadas persistiu. Na atualidade,  Pernambuco é o maior produtor de tilápia do Nordeste (28.853.752 Kg em 2022) e quinto maior do país, segundo dados da Adepe, com informações do IBGE e MDIC. Nesse contexto, o cultivo de tilápia, nos últimos anos, do litoral ao sertão pernambucano, é responsável por esse crescimento, representado por um faturamento de R$ 350 milhões/ano.

 

 

Em relação a produção de camarão, o estado é o quinto maior produtor do Nordeste (4.375.783 Kg em 2022). O de exportação de lagostas, tilápias e camarões chega (jan/2023 a jul/2024) é de, aproximadamente, US$ 2,7 milhões de dólares. A aquicultura engloba todas as atividades: camarão, pescados, entre outros.

 

 

Para Weliton José de Carvalho, da Cooperativa Pernambucana de Agropecuários e Criadores de Organismos Aquáticos (COPACOA), que vai presidir a Câmara Setorial, a formalização da Câmara é “fenomenal” para todos os produtores e cooperados.

 

 

“O setor tem ânsia para o crescimento. Então, vamos fazer um trabalho onde o setor público e as entidades privadas envolvidas vão discutir as soluções para crescermos juntos. É um sonho de alguns anos construir esse canal de diálogo entre o poder executivo e todos que representam nosso setor de produtores e cooperados”, pontua o presidente da COPACOA.

 

 

Em sua análise, Pernambuco assim como todo o Brasil possuem recursos naturais e de consumo e a formalização desse canal de diálogo abre espaço para outros mercados. “Nós estamos também pensando no cenário internacional e estamos trabalhando junto com o SEBRAE e com a FIEPE em capacitações de cooperativas e criadores e empresas para exportação de pescado, especialmente a tilápia para a Europa, porque entendemos que estamos próximo do continente e temos um porto como Suape capaz de fazer esse aumento em nossa produção e termos capacidade produtiva, porque experiência já temos”, assinala o também técnico em Agropecuária, Weliton José de Carvalho.

 

 

Weliton de Carvalho (à direita) e Joseano Santos da Silva (cooperado, à esquerda), ao analisarem uma tilápia cultivada no viveiro, em Cabo de Santo Agostinho. Foto : COPACOA

 

 

Atualmente, a COPACOA, está presente em 23 municípios do estado. Sua sede fica em Cabo de Santo Agostinho, ao sul da Região Metropolitana do Recife. Desde sua formalização há três anos, produz junto com seus cooperados 50 toneladas de tilápias. Quando começou informalmente há 30 anos, produzia alevinos com seu pai, e os tempos eram outros.

 

 

“Acredito que agora, temos um caminho a seguir, pois a Câmara Setorial vai proporcionar também mais assistência técnica através do IPA e outras instituições. Vamos ter mais adensamento para mobilizar os produtores nos municípios. Então, uma força tarefa que vai fazer, com certeza,  que nosso estado passe de quinto para liderança”, sugere o presidente da Câmara Setorial e presidente da COPACOA.

 

 

 

Imagens do vídeo mostram momento em que os produtores alimentam as espécies nos tanques de produção. 

 

 

Weliton avalia que para o setor ser, de fato, formalizado, é necessário um trabalho árduo em questões relacionadas ao licenciamento ambiental, ao Guia de Trânsito Animal (GTA), à taxação estadual em cima da produção em relação a outros estados.

 

 

“As indústrias daqui de nosso estado compram muitas vezes de outros estados, como Minas Gerais e Bahia, que possuem uma taxa menor. Então, tudo isso, a partir da formalização da Câmara Setorial será debatido e ajustado. E, dessa maneira, o pequeno, médio e o grande produtor possam produzir e ter igualdade com relação a outros estados”, complementa.

 

 

Pedro Neves avalia que representatividade da Câmara Setorial dialoga com a cadeia produtiva aquícola do litoral ao sertão. Foto: Tony Holanda/ Adepe

 

 

Para Pedro Neves Holanda, diretor de Inovação, Fomento e Arranjos Produtivos da Adepe, o fato de a Câmara Setorial ser presidida por duas pessoas representando o setor produtivo de aquicultura e pesca é muito importante e valida o diálogo entre todos os setores envolvidos. “A presidência em nome da Região Metropolitana do Recife, Mata Sul, Mata Norte e Agreste, e a vice-presidência, que é de Petrolândia, representando o Sertão. Vamos conseguir conversar com Pernambuco inteiro e, assim, desenhar soluções para o setor de forma conjunta”, acrescenta Pedro Neves.

 

 

Foram definidos para presidência e vice-presidência da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Aquicultura e Pesca,  respectivamente: Weliton José de Carvalho, da Cooperativa Pernambucana de Agropecuários e Criadores de Organismos Aguáticos (COPACOA) e Fagner Barros Barbosa Pankararu, da Cooperativa Agro Aquícola de Petrolândia (CAAP), sertão pernambucano.

 

 

“Para nós cooperados estar à frente da Câmara Setorial de Aquicultura e Pesca, por que julgo o cooperativismo, assim como se faz no Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, um segmento econômico que pode fazer a diferença também aqui no Nordeste. E o cooperativismo tem um papel fundamental no desenvolvimento da cadeia agropecuária, assim como em todas as outras”, sinaliza.

O que são as Câmaras setoriais

 

 

As Câmaras são reconhecidas por promoverem um espaço de diálogo entre instituições e entidades públicas e privadas em prol do desenvolvimento dos Estados. No caso de Pernambuco,  a iniciativa conta ainda com o apoio do Sebrae Pernambuco.

 

 

A nova Câmara se une a outras 11 já secretariadas pela Adepe, de setores que movimentam bilhões por ano: Têxtil e Confecções; Logística; Leite e Derivados; Sucroalcooleiro; Turismo; Audiovisual; Gesso; Ovinocaprinocultura; Energia; Avicultura e Apicultura e, agora Aquicultura e Pesca.

 

 

Segundo a Adepe, a instalação da Câmara ocorre após duas reuniões de escuta com o setor realizadas na própria sede da Adepe, no Recife, e em Petrolândia, no Sertão, onde participaram representantes de entidades e sindicatos da apicultura, carcinicultura e piscicultura. Após os encontros, ficou clara a necessidade de formalizar e ampliar o espaço de diálogo entre o setor, instituições privadas e o Governo de Pernambuco.

 

 

Outros pontos importantes definidos, durante a instalação da nova Câmara Setorial de Aquicultura e Pesca  são os eixos prioritários que guiarão a Câmara, passando por Fiscal e Tributário (GTA); Licenciamento Ambiental, Monitoramento e Tecnologia e Capital Humano e Socioeconômico.

 

 

*Fotos: Adepe e COPACOA

Vídeos: COPACOA

 

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Luciana Leão

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