A Polícia Federal (PF) revelou que Jair Bolsonaro deixou o Brasil ao fim de 2022 com o objetivo de evitar uma possível prisão e observar os desdobramentos dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. A informação consta no relatório em que o ex-presidente e mais 36 pessoas foram indiciados sob acusação de tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

As investigações revelaram que o planejamento para uma possível fuga de Jair Bolsonaro remonta a 2021. No computador de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator no caso, foi encontrado um arquivo em PowerPoint detalhando estratégias para criar uma rede de apoio à evasão do ex-presidente. O plano, segundo a PF, previa inclusive o uso de armamento para garantir a fuga caso Bolsonaro decidisse desobedecer ordens judiciais do STF.

Após a frustrada tentativa de golpe em 2022, o plano original foi adaptado, como aponta o relatório. “Jair Bolsonaro, após não conseguir o apoio das Forças Armadas para consumar a ruptura institucional, saiu do país para evitar uma possível prisão e aguardar o desfecho dos atos golpistas do dia 8 de janeiro de 2023”, concluem os investigadores.

Bolsonaro deixou o Brasil em dezembro de 2022, nos últimos dias de seu mandato, e permaneceu nos Estados Unidos até março de 2023. Durante o período de sua ausência, manifestações antidemocráticas culminaram na invasão e depredação dos prédios dos Três Poderes, em Brasília.

Defesa nega envolvimento

Em resposta às acusações, Bolsonaro afirmou nesta semana que “nunca discutiu golpe com ninguém” e que todas as suas ações no governo respeitaram “as quatro linhas da Constituição”. Até o momento, sua defesa não se pronunciou sobre o relatório da PF.

Com Agência Brasil